
No ano anterior os autores daquele atelier – onde se aprende a desenhar e a pintar – inspiraram-se nas esculturas da colecção do Museu Barata Feyo. “E tendo em conta essa experiência, este ano desafiei-os a trabalhar José Malhoa”, disse a coordenadora Paula Nobre, formada em Artes Plásticas na ESAD.
Os dez formandos do seu atelier, que funciona no Bairro das Morenas, aceitaram o desafio e criatividade não faltou para fazer novas abordagens a muitas pinturas do naturalista caldense.
A maioria dos autores “são reformados, alguns estão no activo e ainda fazem parte do grupo dois jovens”, explicou a artista plástica, muito satisfeita com o resultado final alcançado pelos seus formandos.
Há um pouco de tudo. Se alguns optaram por exercitar e tentar perceber de que forma aquele artista trabalhava, tendo reproduzido detalhes sobre algumas das suas personagens ou até mesmo as suas paisagens, outros houve que fizeram colagens e até novas abordagens artísticas a obras de Malhoa.
A ideia obteve o acordo do Museu Malhoa que abriu as suas portas para que os alunos observassem e se inspirassem nas pinturas. Depois, “fui acompanhando o processo, que foi mais ou menos doloroso para cada um”, diz a coordenadora.
O grupo fez as suas pesquisas sobre as diferentes técnicas que quis trabalhar e também sobre a história de arte referente à época de Malhoa.
A exposição teve lugar no claustro do museu e a cada proposta, uma surpresa. Houve quem desse tamanho e escala a pequenas pinturas do mestre e quem optasse por voltar a pintar uma mesma paisagem e, com a mesma paleta de cores, dar-lhe diferentes tons, a lembrar o entardecer ou uma estação do ano em particular.
Os Bêbados, por exemplo, foram desconstruídos e agora fazem parte de uma interessante maleta onde há várias versões daquela pintura. A autora “brincou” com a composição, tirou personagens e atribuiu tridimensionalidade a elementos como a mesa, num trabalho original que cabe numa maleta de pintura similar à que o mestre caldense usava para as suas sessões de registo e de pintura ao ar livre.
Há ainda quem tenha descontextualizado a Clara, uma das personagens naturalistas de Malhoa e lhe tenha dado novos contextos, ao estilo de outros pintores como Klimt, Picasso, ou Gauguin.
Também o quadro da Rainha inspirou alguns trabalhos, tendo uma das autoras focado o detalhe da posição da mão. Para o fundo escolheu a reprodução de páginas de livros onde se encontram registos das obras de Malhoa.
“Cada um acabou por encontrar formas diferentes de homenagear o pintor”, resumiu Paula Nobre.
“Malhoa Recriado” vai estar patente até 18 de Outubro e as obras que esta mostra reúne deveriam ser vistas noutros locais pois permitem dar a conhecer outras perspectivas sobre pinturas que conhecemos há várias décadas.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt






























