Quando o cidadão se revolta… oferece um Prémio da Fúria

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notícias das CaldasO que fazer quando os serviços prestados ao cliente não têm a qualidade tão fortemente apregoada pelas empresas que os fornecem? Porque não denunciar o caso na internet, identificando prestadores e relatando com pormenor (e neste caso com humor) as cenas que conduziram à apresentação de uma reclamação?
Foi o que decidiu fazer Mário Cipriano, um bombarralense que, por motivos profissionais, vive há vários anos em Lisboa.
É no seu blogue “Um dia de Raiva” que dá a conhecer à comunidade cibernética os vários problemas com que se tem deparado enquanto cliente. O mais grave: um corte de energia eléctrica que se prolongou por nove dias. Os restantes relatos dizem respeito a vários casos de atendimento ineficaz e que resultaram na apresentação de reclamações.

“Começo sempre por reclamar pelas vias legais”, afirma o inspector da CP, consciente da possibilidade de recorrer ao Provedor do Cliente sempre que o mesmo integra a estrutura da empresa – uma figura ainda pouco frequente nas empresas portuguesas.
“Quase nada funciona bem e em mais de 90% das queixas e reclamações não recebo retorno”, disse.
Cansado da ausência de feedback, resolveu criar um blogue muito particular. Nome: “Um dia de Raiva”, em homenagem ao filme “Falling Down”, realizado por Joel Schumacher em 1993 e que tem como protagonista Bill Foster (interpretado por Michael Douglas), um homem que fica desempregado e que, frustrado com as falhas que encontra na sociedade e com a azáfama citadina, acaba por recorrer à violência.
No blogue de Mário Cipriano, a violência é substituída por um fino sentido de humor. Ainda assim, o dinamizador de “Um dia de Raiva” acaba por transformar-se num Bill Foster à portuguesa, uma personagem bem-humorada, mais denunciadora do que violenta.
Mário Cipriano, que também já viveu nas Caldas da Rainha, lembrou-se de distinguir as empresas e entidades más prestadoras de serviços agraciando-as com “um dos Caldas”. E explica aos seguidores do blogue:  “Um dia de raiva!” vai ser um espaço onde, não podendo ser um Bill Foster, serei um distribuidor de prémios. Com assinatura made in Caldas da Rainha, irei periodicamente eleger uma pessoa, entidade, empresa, organismo ou marca merecedora do “Prémio da Fúria”. E espera “que lhes dê tanto prazer recebê-lo como a mim entregá-lo.
Desde que iniciou este exercício de cidadania, Mário Cipriano tem constatado que são muitas as empresas com uma estrutura “rígida, fechada e não adaptada às necessidades dos seus clientes. Esperam que estes se adaptem aos produtos e serviços que têm para vender “, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que vai dar continuidade a este seu blogue, criado há dois meses.
Para reclamar, diz, é preciso ter muita paciência e “fechar os olhos aos custos, por exemplo, do telefone, derivados do tempo passado a ouvir música e das vezes que me deixam pendurado!”. Neste seu projecto pessoal são muitas as empresas que já foram brindadas com o Prémio da Fúria. Destas, as mais conhecidas são a EDP e a Endesa, num sem fim de situações onde todos acabamos por nos rever. E já existem mais nomeadas para receber o prémio, como a PT, a companhia de seguros Zurich, a EMEL e a ZON.
Da sua experiência, Mário Cipriano remata que em Portugal entidades como a Deco “têm mais uma posição de mediação do que de defesa do consumidor”.
Se lhe aguçámos a curiosidade e quiser aplaudir a atitude de um reclamador profissional, vá a umdiaderaiva.w ordpress.com/. Neste endereço, terá uma boa oportunidade para perceber que a apresentação pública de uma reclamação na Internet é sempre preferível a mantê-la no círculo restrito da família e dos amigos.

 

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