As produções criativas dos alunos finalistas de sete cursos da ESAD estiveram em exposição nas instalações da escola de artes caldense até ao passado domingo, pena que poucos caldenses tenham aproveitado para visitar. Entre elas, destaque para a mostra “Food Landscape”, apresentada pelos alunos finalistas do curso de licenciatura de Design Industrial, que deram a conhecer mais de duas dezenas de projectos que aliam o design à culinária. A prova de degustação foi um sucesso e, em alguns dos casos, não restou obra de arte, fruto da “gula” dos visitantes.
O próximo passo será a produção de um catálogo com todos os trabalhos apresentados juntamente com o contacto do seu autor, que funcionará como um primeiro cartão de visita no mundo profissional.
Depois vão apresentar dez projectos seleccionados numa feira de alimentação em Paris. Uma boa oportunidade para a Escola de design caldense se mostrar ao público internacional.
Crepes em formato de bilhete postal, um vulcão feito de puré de batata e com sopa dentro, alimentos embrulhados em prata para esconder a sua natureza, codornizes assadas em poses de dança, sopas de pão que simbolizam as ilhas dos Açores ou pacotes de café com outros cheiros foram algumas das propostas apresentadas pelos alunos finalistas de Design Industrial na exposição de Food Design.
No total estavam patentes 27 trabalhos que foram apreciados e provados pelos presentes, atestando assim que as originais criações eram efectivamente comestíveis.
De acordo com o coordenador do curso de Design Industrial, Fernando Brízio, este projecto nasceu no âmbito de uma parceria de pós-graduação entre a ESAD e a escola francesa de Reims. O primeiro contacto com a escola caldense decorreu o ano passado porque a sua congénere francesa queria fazer um mestrado internacional. “A ideia deles sempre foi fazer uma parceria ou um centro de investigação na área do food design”, explicou o docente, especificando que em França existe uma enorme tradição relacionada com a área de comida e a escola fica situada na região de origem e produção do champanhe.
Também no âmbito da parceria foram convidados a participar na maior feira que existe de indústria alimentar, que terá lugar em Paris, em Novembro, onde a ESAD irá apresentar 10 projectos escolhidos do conjunto apresentado nas Caldas.
Fernando Brízio disse ter gostado bastante dos resultados deste projecto, que foi levado a cabo pela primeira vez em Portugal. Garante que a investigação nesta área terá continuidade e afirma que poderá ser interessante uma parceria com as outras escolas do IPL, nomeadamente com a de Peniche, que tem cursos na área da hotelaria e turismo.
Esta opinião é partilhada pelo presidente do IPL, Nuno Mangas, que referiu que pode ser aproveitada a proximidade da ESAD com a Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar para haver uma complementaridade ao nível das formações. O responsável realçou ainda a parceria com a escola francesa, sublinhando que importa cada vez mais olhar para o espaço global.
Depois de visitar a exposição de finalistas, na tarde de sexta-feira, Nuno Mangas teceu rasgados elogios aos trabalhos dos alunos. “Estou contente e muito orgulhoso porque a ESAD tem projectos e trabalhos fabulosos, muito criativos, inovadores e bastante diferentes do que tínhamos nos anos anteriores”, disse.
Além da exposição dos trabalhos dos alunos finalistas nos cursos de Artes Plásticas, Design de Ambientes, Design de Cerâmica e Vidro, Design Gráfico e Multimédia, Design Industrial, Som e Imagem e Teatro, que pôde ser vista até domingo, será também produzido um catálogo, com a descrição e foto das obras e o contactos dos alunos. “O objectivo é que este funcione como um primeiro cartão de visita do aluno no meio profissional”, concluiu Ana Sacramento, sub-directora da ESAD.
Uma gelatina para ser consumida por adultos
Uma gelatina para maiores de 18 anos é a proposta de Adriana Neto, que criou vários sabores desta sobremesa, misturando álcool.
Intitulado “Gelly Lab” este projecto consiste em dar um aspecto molecular à gelatina, criando uma paisagem bacteriológica. A jovem estudante utiliza placas de petri (recipiente cilíndrico, de vidro, que os biólogos utilizam para a cultura de micróbios) e uma receita de gelatina que dura 10 dias fora do frio.
“Esta gelatina tem que ter álcool e os paladares alteram”, explicou, destacando que esta combinação leva a que a sobremesa seja consumida, não pelas crianças, mas por adultos.
Adriana Neto criou cinco paladares e em exposição no átrio da ESAD encontravam-se quatro sabores. Eram eles, a gelatina de frutos dos bosques com vodka preta e polpa de cereja, a de frutos tropicais com anis, a de morango com vinho do Porto, e a de pêssego e manga, com pêssego em polpa e vodka de morango.
“É comestível”, garantiu.
Um tomate de onde nascem agriões
“Food from food – comida da comida” dá titulo ao trabalho apresentado por Rui Lopes, que consiste na apresentação de um tomate, de onde nascem as sementes de agrião.
O jovem estudante procurou uma paisagem que acontece à mesa e à refeição, em que cada pessoa tira a interpretação que entende. Para esta interpretação conta também a variação do suporte onde esta “paisagem” é apresentada. Na passada sexta-feira era num tomate, mas pode também acontecer no queijo e no pão. “Por aí conseguimos ter diferentes leituras e representações de paisagens que conhecemos”, explicou.
Rui Lopes utilizou intencionalmente sementes de agrião por funcionarem melhor ao nível da escala. Conta que achou interessante o conceito de paisagem alimentar e, ao mesmo tempo, mostrou-se um desafio porque “estamos um pouco formatados para fazer o que conhecemos”.
Diz que o desafio revelou-se útil porque perceberam que a comida tem propriedades mecânicas, físicas e sensoriais, como os outros materiais e puderam explorar essas características.
“Deu-me gozo fazer este trabalho”, resumiu.
Imagens de N.Sra de Fátima em chocolate branco
Tendo por tema as paisagens, Joneiber Saldanha imaginou um elemento que conseguisse construir toda a concepção de paisagem, mas sem recorrer à ideia de árvores ou flores. “Um dos locais que sempre achei que tinha muito para desenvolver e comunicar era a estrutura de Fátima”, disse o jovem finalista que, com esta ideia pretendeu fundir o profano com o sagrado.
Joneiber Saldanha fez o molde com silicone alimentar, tendo por matriz uma peça de plástico que foi comprada em Fátima. Depois reproduziu as imagens, numa alusão à massificação. “O estimulo de Fátima é tão forte, que o consumo é nos dois sentidos, profano e sagrado”, referiu.
Uma imagem comestível, mas que Gobeiner reconhece que muitas pessoas não o farão sem reflectir um pouco antes. “Haverá pessoas que vão comer e outras não, mas é um choque. Eu próprio quando comi algumas notei sempre aquele momento de trincar”, disse, acrescentando que o chocolate branco aproxima-se muito à cera.
“Comunicativamente este é um produto que vive deste momento, é quase uma construção de comunicação”, salientou o jovem, que não pretende fazer negócio com a sua criação, sob pena de poder criar um escândalo.
































Adorei a materia sobre crepes, temos uma fabrica de crêpes franceses em São Paulo é muito dificil ler materias interessantes sobre o assunto crêpes.
Parabens voces ganharam mais um fã.