O programador quer fazer nas Caldas uma iniciativa em torno do tema das águas

Manuel d’Olivares, o responsável pela programação do Calhau, evento que trouxe arte contemporânea à aldeia de Moledo, no concelho da Lourinhã, no Verão passado, apresentou à autarquia caldense uma programação cultural que tem por mote a Água. O programador gostaria de animar a zona central da cidade com concertos de piano, espectáculos de dança, exposições de arte, sem esquecer as artes locais como os bordados. Manuel d’Olivares é artista plástico, vive e trabalha entre Lisboa e Barcelona

Manuel d’Olivares é artista plástico e trabalha em programação cultural. Organiza regularmente eventos internacionais em parceria com Instituto Camões em Paris ou na Semana Cultural Portuguesa, que acontecia no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona e também com a Embaixada de França em Portugal.
No ano passado foi um dos principais responsáveis pela organização do evento “Calhau”, que trouxe à Aldeia de Moledo um programa intenso de arte contemporânea que aconteceu entre os dias 30 de Agosto a 8 de Setembro de 2019. A iniciativa incluiu a apresentação de instalações de vídeo, de som, de pintura, fotografia ou de desenho. Estas intervenções artísticas aconteceram em palheiros, casas arruinadas e em anexos onde se arrumam as alfaias agrícolas. Estes espaços transformaram-se em inesperadas galerias. E não faltaram performances de dança e de música, numa celebração da contemporaneidade em ambiente rural.
Na primeira edição deste “Calhau” participaram cerca de 30 artistas. Alguns tiveram a oportunidade de trabalhar ao vivo, tal como aconteceu com os escultores António da Cunha e Clara Ribeiro que executam esculturas em pedra ao vivo. As obras hoje integram o conjunto de esculturas presente na aldeia e que reflecte sobre a localidade .
Depois de Moledo, Manuel d’Olivares está pronto para intervir em ambiente urbano e, como tal, veio às Caldas da Rainha apresentar um projecto ao município “que ficou de o analisar”, contou à Gazeta das Caldas o programador cultural.

Programação sob temática da Água

“Foi pela água que as Caldas nasceu”, recorda o curador, que tem pensada uma programação, designada “Virtus Aquae” e que tem a Água como tema central. Seguindo as normas da DGS, propõe um recital de piano, uma performance multidisciplinar, outra de dança e ainda uma intervenção performativa que está programada para acontecer com a população. Este programa quer “fazer dialogar a arte contemporânea com os espaços existentes das Caldas”.
As intervenções vão acontecer nas áreas da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, Museu do Hospital e das Caldas e Capela de S. Sebastião.
Também tem previstos eventos para o Céu de Vidro, Museu José Malhoa e Casa dos Barcos, além da zona da Mata da Rainha (no Jardim dos Cheiros), CCC e Chafariz das Cinco Bicas.
Algumas das áreas “precisavam de pequenas intervenções”, referiu o programador, que pretende trabalhar com o escultor António da Cunha, que propôs uma obra inspirada na Rainha e nas poças de águas termal.
Quanto aos museus, a sua proposta é a constituição de um percurso alternativo “que chamaria a atenção para várias obras relacionadas com a temática da água e que integra as colecções dos espaços museológicos”.
Manuel d’Olivares gostaria que os primeiros eventos pudessem acontecer no próximo mês de Setembro e estender-se ao longo do último trimestre. Mas “Virtus Aquae” “também poderá transitar para 2021”, esclarece o curador, que quer incluir a participação das associações locais que se dedicam ao artesanato e aos Bordados das Caldas.

A primeira edição do “Calhau” incluiu vários concertos que animaram espaços da aldeia
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