Potes alcobacenses nas montras

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Algumas das lojas mostram os potes de forma original

Cinquenta peças de grandes dimensões assinalam os 150 anos da louça de Alcobaça

Quem passear pelo centro histórico de Alcobaça poderá deparar-se com grandes potes da típica cerâmica local e que podem ser apreciados nas mais variadas montras das ruas, próximas do Mosteiro. As peças pertencem à Coleção de Faiança Família R Couto Serrenho e estão patentes em 18 lojas (25 montras) dos mais variados tipos, desde roupa, artigos de decoração, de óculos, farmácias, tabacarias e até uma ourivesaria.

“Ao todo estão presentes obras que foram decoradas por 25 pintores e de, pelo menos, uma dezena de fábricas alcobacenses”, disse Rui Serrenho, o colecionador, à Gazeta das Caldas. Acrescentou ainda que há pelo menos exemplares de três unidades fabris que continuam a produzir cerâmica.

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Designada Exposição de Faiança de Alcobaça a Potes, abriu ao público a 15 de agosto e faz alusão ao sentido informal de chover muito, como se diz “chuva a potes”, e de menção direta aos potes.

A mostra possui curadoria do pintor João Xavier, da fábrica Jomazé e que é também um dos últimos pintores discípulos dos mestres dos anos 40 do século passado.

O próprio curador aceitou o desafio de pintar um grande pote que assinala esta exposição comemorativa referente aos 150 anos da Loiça em Alcobaça.

“O público está a reagir muito bem a esta mostra presente neste centro comercial a céu aberto”, disse Rui Serrenho acrescentando que, para memória futura, está em execução uma coleção de 15 postais dos diferentes potes e que dão uma ideia clara da diversidade da cerâmica alcobacense e que muito surpreende os visitantes. A iniciativa, que tem ainda por base a tradição e história da cerâmica do concelho vizinho, prova que esta cerâmica é variada, na forma, nas cores e nos motivos decorativos e que vai muito mais além do “Azul Alcobaça”.

Esta exposição teve como ponto de partida o livro (que também está patente numa das montras que integra a própria exposição) “Ceramica Portugueza” (exemplar nº11 de cincoenta exemplares especiaes), editado em 1907 por José Queiróz (1856-1920), autor pioneiro dos estudos da cerâmica portuguesa. Nesta obra, o investigador escreveu, “Na fabrica existe um prato datado de 15-8-75 e em que se lê o nome da localidade por extenso: Alcobaça”, pretendendo-se assim e com este mote assinalar os 150 anos da Loiça em Alcobaça.

“Esta é também uma forma de homenagear as fábricas e os antigos pintores das unidades fabris deste concelho”, referiu Rui Serrenho. Esta coleção de faiança, que já ultrapassa os 1500 exemplares, inclui cerca de duas centenas de potes. Além das peças de Alcobaça, a coleção guarda exemplares da cerâmica de Porto de Mós, do Valado e de Vale de Cambra.
Todos os materiais gráficos da iniciativa, que poderá ser vista até 7 de setembro, nas montras das lojas do centro histórico de Alcobaça, são da autoria da sobrinha do colecionador, Maria João Serrenho, que vive nos EUA.

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