Pinturas do século XVII de volta à Sacristia Nova do Mosteiro de Alcobaça

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1992
Os trabalhos de pintura e escultura que se podem ver na Sacristia Nova permitem aos visitantes “uma viagem pela História da Arte”

Estão de volta à Sacristia Nova do Mosteiro de Alcobaça oito telas datadas do século XVII que tinham sido retiradas daquele espaço há mais de 70 anos. As telas estavam nas reservas do monumento, fora das respectivas molduras, e voltaram agora a estar disponíveis a quem visita o mosteiro graças ao apoio da Cooperativa Agrícola de Alcobaça.
Nas paredes da sala estão oito telas de grandes dimensões, algumas das quais chegam a atingir os três metros de altura. Três delas são assinadas por Domingos Vieira Serrão e retratam episódios da vida de São Bernardo. Duas são da autoria de Bento da Silveira e retratam Santa Umbelina e Santa Escolástica. Por fim, uma pintura da Virgem das Litanias, do obidense Baltazar Gomes Figueira, pai de Josefa de Óbidos. São três “dos mais importantes nomes da pintura portuguesa do século XVII”, garante o director do Mosteiro de Alcobaça, Jorge Pereira de Sampaio.Mandada construir por D. Manuel I, e reconstruída após o terramoto de 1755, a Sacristia Nova do Mosteiro de Alcobaça tem um esplendor barroco que contrasta com o espirito de despojamento que reinava na Ordem de Cister. Depois de alguns anos fechada, o espaço foi reaberto ao público em Setembro de 2006.
O regresso das pinturas vem agora reforçar a importância da sala que era já “um expoente do ponto de vista histórico”, diz Jorge Pereira de Sampaio. É que, além das telas, naquele espaço podem ainda ver-se outras peças que permitem aos visitantes fazer “uma viagem pela História da Arte” portuguesa. Como exemplos, Jorge Pereira de Sampaio aponta a Capela Relicário, que é “um exemplar único no país” e que tem diversos bustos feitos em barro pelos barristas do Mosteiro no século XVII, os amitários que estão entre os 50 melhores móveis portugueses, os arcazes do século XVIII e imagens sacras datadas dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Para assinalar o regresso das telas à Sacristia Nova, o Mosteiro de Alcobaça promoveu no passado dia 8 de Setembro uma visita orientada ao espaço. Seguiu-se um concerto pela Academia de Música de Alcobaça (AMA), no âmbito do programa Música nos Mosteiros Portugueses Património da Humanidade, ao qual assistiram mais de 120 pessoas. Sob o mote “Contrastes”, actuaram Rute Martins (Órgão), o Ensemble Instrumental, dirigido por Rui Carreira, e o Coro de Câmara da AMA, com direcção Musical de Oxana Khurdenko.

Joana Fialho

jfialho@gazetadascaldas.pt

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