
O escritor angolano Pepetela salientou a importância de incentivar a leitura entre os mais novos, ainda que esta possa ser adaptada aos meios de cada época, nomeadamente à tecnologia do século XXI. No passado domingo, 20 de Outubro, o autor foi homenageado na gala que encerrava o festival Books&Movies, no cine-teatro de Alcobaça e terminou com um desejo de aprofundamento das relações entre os países da lusofonia.
“O poder político e as famílias devem incentivar as crianças para a leitura, que não tem de ser de livros, porque os meios têm que ser adaptados às épocas, mas que dê a aprender e a conhecer, que ajude a que ganhem interesse, porque hoje existe um desinteresse pelos outros e até por aprender”, disse o autor Pepetela, na gala de encerramento do Books&Movies, que decorreu no domingo, dia 20 de Outubro, no cine-teatro de Alcobaça, João D’Oliva Monteiro.
O escritor angolano lembrou que tinha visitado Alcobaça quando era estudante na Universidade de Lisboa. “Vim cá em 1960 ou 61 e depois voltei em 1996 e já tinha poucas lembranças, mas parece-me que nestes 23 anos que não vim cá houve muitas mudanças”, contou.
Pepetela era o nome de guerra deste ex-guerrilheiro do MPLA. “O escritor é um guerrilheiro porque quer intervir, mas as armas são diferentes”, comparou.
Numa análise às suas obras revelou, por exemplo, que A Parábola do Cágado Velho, que foi inspirada na guerra civil angolana, foi o livro que demorou mais tempo a escrever, apesar de ser um dos mais pequenos que publicou. “Queria mostrar a guerra não por quem a pode controlar ou intervir nela, mas pelo lado de quem a sofre sem a perceber”, contou.
Os títulos das obras e os nomes das personagens também foram debatidos. “Algumas personagens e alguns livros parece que já vêm com o nome, outros têm que ser trabalhados, há personagens que durante o processo de escrever o livro mudam de nome três ou quatro vezes”.
A fechar a gala, o autor elogiou o facto de a língua portuguesa ser “dúctil e maleável” e deixou um desejo de aprofundamento das relações entre os falantes do português.
Prémio de 5000 euros para leiriense
Todos os anos a gala é também o momento para entregar o prémio de 5000 euros ao vencedor do concurso internacional do festival. Este ano o premiado foi para o leiriense José Luís Jorge, que escreveu Viagem com o Rio à Vista, numa jornada de 6000 quilómetros que percorreu junto ao Danúbio. “É o segundo maior rio da Europa e é o rio mais internacional do planeta, porque atravessa 10 países”, contou.
A Banda de Alcobaça foi a responsável pelos momentos musicais, que contaram ainda com a actuação do alcobacense Churky (Diogo Rodrigues), que foi o vencedor do EDP Live Bands 2018. Houve ainda um momento de dança com as jovens Beatriz Dias e Inês Barros, da Academia de Dança de Alcobaça.
A gala foi apresentada pela actriz e poeta Sónia Balacó, que é de Peniche e que referiu ser “apaixonante ver que o Oeste tem em Alcobaça um pólo cultural tão forte”.
O presidente da Câmara, Paulo Inácio, considerou que o Books&Movies “de ano para o ano está cada vez melhor e é um evento que vai ter futuro, porque tem bases”.
O festival custa cerca de 100 mil euros. “Não gastamos orçamentos quase pornográficos, somos comedidos e sabemos fazer as coisas com a prata da casa”, fez notar.
Na próxima semana começa-se já a pensar no nome do homenageado da próxima edição.






























