Pela quarta vez nas Caldas os Dead Combo voltam a encher o CCC

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2016-04-22 Primeira.inddÀ medida que o público vai entrando para o grande auditório do CCC dá de caras com sete mesas colocadas em cima do palco. À sua volta, 25 pessoas sentadas: espectadores que, nesta noite (9 de Abril), foram convidados pelos Dead Combo e as Cordas de Má Fama a fazer parte do cenário e a compor o ambiente típico de uma tasca de Lisboa. Não faltam as toalhas de quadrados, os candeeiros ao centro das mesas, jarros em barro, vinho e os aperitivos (tremoços, azeitonas e pão). Durante o espectáculo há mesmo um barman que assegura que todos os “clientes” estão satisfeitos. No café Lisboa (nome deste bar improvisado) passam ainda imagens que fazem lembrar os antigos painéis de azulejos, um símbolo decorativo dos tradicionais estabelecimentos da capital. “Como normalmente somos só dois em palco e somos paradinhos, pensámos em criar um cenário interactivo. O resultado são dois concertos num só: um para o auditório e outro mais intimista para os espectadores que estão no palco”, explica Tó Trips, o homem do chapéu, da guitarra e das botas brancas (cujo bater de pés também dá música ao concerto). Os jovens Francisco Oliveira e Henrique Carreira são dois dos sortudos que conseguiram bilhetes VIP. E com a sorte acrescentada de terem ficado numa das melhores mesas (de trás para os lugares do auditório, mas de frente para os músicos). Contam à Gazeta das Caldas que a experiência de estar tão perto dos artistas é “espectacular e completamente fora do habitual” e, embora o som seja recebido com menos qualidade por estarem muito próximos dos instrumentos, fazer parte do cenário dos Dead Combo é “um privilégio”. Habitualmente Tó Trips e Pedro Gonçalves actuam sozinhos, mas desde Novembro do ano passado que se estrearam no Misty Fest com as Cordas de Má Fama (Bruno Silva na viola, Denys Stetsenko no violino e Carlos Tony Gomes no violoncelo). “Lançaram-nos o desafio de preparar um espectáculo especial, então convidámos um naipe de cordas para fugir um pouco ao nosso registo eléctrico e apresentar um formato mais acústico”, explica o contrabaixista Pedro Gonçalves. Em palco, os cinco músicos actuam em conjunto, mas também há  temas exclusivamente nterpretados pelos má fama e outros pelos Dead Combo. Entre pausas, os artistas aproveitam para beber um copo ao balcão da tasca improvisada. Pela quarta vez nas Caldas da Rainha, os Dead Combo voltaram a conseguir sala cheia e a trazer Lisboa como motivo de inspiração. Aquela Lisboa antiga, romântica, cheia de história e mistério, que está a desaparecer graças ao fenómeno do turismo. Juntos há 13 anos, Tó Trips e Pedro Gonçalves dizem viver um “casamento” feliz e recomendável, alimentado pelo gosto que os uniu em 2003: “fazer música, apenas isso, sem pretensões de agradar a alguém senão a nós mesmos”. Conheceram-se dois anos antes, em 2001, no final de um concerto, que acabou numa conversa sobre a possibilidade de gravarem uma faixa de tributo ao mestre Carlos Paredes (que acabaria por integrar “Movimentos Perpétuos”). Desde 2012, quando apareceram no episódio dedicado a Lisboa do programa  “No Reservations” – do chefe internacional Anthony Bordain – os Dead Combo têm vindo a conquistar público além fronteiras. “E não só, porque em Portugal havia muita gente que não nos conhecia e passou a aparecer nos concertos, a pedir para tirar fotos…”, conta Tó Trips, salientando que deixaram de ser músicos forasteiros para passarem a ser reconhecidos na rua. Depois de cinco álbuns lançados, o duo pensa agora no lançamento do sexto CD para o próximo ano.
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