Paulo Vicente fez música com sons de quem se dedica à cerâmica

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O ceramista Miguel Neto e o músico Paulo Vicente já ouviam muita música jazz antes da gravação deste trabalho.

O trabalho cerâmico produz sons que foram captados por um músico que se dedica à música ambiente.

“Céramique Électronique” é o novo disco de Paulo Vicente, músico há mais de 20 anos e com uma carreira ligada à exploração sonora entre o jazz, a música de dança e as explorações mais etéreas do ambient.
Este autor, que também se dedica à música improvisada, vive nas Caldas desde 2019, ano em que também viajou e captou sons no Nepal, que acabaram por dar origem a mais um álbum.
No ano seguinte, gravou e lançou o disco “West” de música ambiental eletrónica onde incluiu gravações sonoras que fez no parque, na mata, em S. Martinho do Porto, no comboio e nas praias desta zona do país.
Em “Céramique Électronique”, Paulo Vicente captou o som das técnicas, movimentos e sons dos ceramistas Miguel Neto e Paula Violante, do Atelier19b, situado no centro das Caldas.
Captou sonoridades desde o amassar do barro, o próprio ritmo da roda, ao uso dos vidrados e também aos sons do forno, a última etapa na execução de uma peça.
Paulo Vicente ouviu as centenas de horas de gravação que o próprio captou na oficina cerâmica, criou loops daquelas sonoridades nos seus sintetizadores e ainda juntou neste cruzamento disciplinar entre a cerâmica e a música as colaborações de Luís Vicente (trompete) e Joana Guerra (voz e violoncelo), músicos que já atuaram nas Caldas, através das iniciativas do Grémio Caldense.
Os sons do amassar do barro numa bancada unem-se neste projeto às sonoridades jazzísticas improvisadas de Luís Vicente e também de Joana Guerra. De quando em vez há sons do atelier e das vozes dos ceramistas a trabalhar na oficina nas Caldas onde Paulo Vicente passava muitas tardes partilhando com ambos sonoridades jazz, que todos apreciam.
O músico que vai ter à venda o “Céramique Électronique” no primeiro dia do Bazar à Noite, 1 dezembro, que este ano se vai realizar na Garagem do Montepio.
Para o ceramista Miguel Neto este disco “é uma viagem pelo mundo da cerâmica”. Já Paulo Vicente gostava de apresentar o álbum ao vivo com a presença de ceramistas e músicos em palco, numa performance, onde os primeiros estão a realizar peças e os segundos a tocar”.
Para Paulo Vicente, este disco, de caráter experimental, acaba por contar uma história de uma peça de cerâmica desde que esta começa, no amassar do barro até terminar ao ser cozida e sair do forno”, referiu o músico, que espera que seja possível concretizar já no próximo ano e também cria música para workshops de pintura e de dança, estando há vários anos ligado à improvisação. “Sinto-me sobretudo um produtor musical que cria paisagens sonoras”, disse à Gazeta das Caldas o autor que quer continuar a apostar na interdisciplinaridade. O álbum encontra-se disponível no Bandcamp da Combustão Lenta Records, editora que também gravou outros trabalhos de Paulo Vicente.

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