Uma viagem, de 200 páginas, pela história, e com os protagonistas, da associação humanitária
Dos tempos dos alvores da democracia, em que o presidente da Câmara de Óbidos, Frederico Saramago, chegou a guiar as ambulâncias, acompanhado do atual diácono Raul Penha (como socorrista) para prestar auxílio em acidentes, à operacionalidade do quartel quando recebe um pedido de socorro, são muitas as histórias agora reunidas em livro. “Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Concelho de Óbidos – contributos para a monografia”, da autoria do jornalista da Gazeta das Caldas, Isaque Vicente, e José Machado e Carlos Ribeiro (coautores), foi apresentada a 14 de outubro, no Folio, numa sessão moderada por Luizinho Leal.
Ao longo de 200 páginas é contada a história da instituição humanitária, criada em 1927, por Severo Moraes, Frederico Garcia (tio de Frederico e Luís Garcia) e Francisco Moraes, mas cujas origens remontam a 1918, quando um grupo de obidenses se juntou e adquiriu algum equipamento. Mas também há muitas memórias que são partilhadas: o primeiro fogo a que acorreram os bombeiros, que deflagrou numa dependência junto à cozinha no quartel da GNR, que quando ainda não havia sirene, o alerta era dado tocando o sino da igreja de Sta. Maria a rebate, e quando, mais tarde, os Bombeiros se mudaram da Rua Direita para os Arrifes e quiseram levar a sirene e um enxame de abelhas começou a atacá-los, dificultando o trabalho.
Há ainda a história do Dodge, que tinha o contador em milhas e ia um bombeiro a conduzir a 100 milhas (o equivalente a cerca de 160 km/h) quando passaram pelo comandante Pimenta, no seu BMW, que os perseguiu e os mandou parar, e a resposta foi que iam a apenas a 100 km/h…
Também a polémica da mudança de quartel, inicialmente previsto para os Arrifes e depois alterado para o Senhor da Pedra, consta da obra e foi evidenciada na sua apresentação. José Machado, na altura vereador na Câmara, lembrou que a obra inicialmente prevista para um terreno plano, originou um elevado valor de trabalhos a mais, aprovado pela autarquia, mas contestado pelo Tribunal de Contas que viria a multar o executivo.
Perto de 50 contributos
“Um dos nossos objetivos foi sempre falar com o máximo de pessoas”, destacou Isaque Vicente, agradecendo a partilha (com perto de meia centena de contributos),que enriqueceu o livro e tornou-o mais participado. Um trabalho “sério, imparcial, isento e plural” sobre uma entidade quase centenária, sobre a qual o autor reconheceu não ter conseguido contar toda a sua história. Por isso, ficou desde logo o compromisso de, no futuro, poder vir a serem feitas atualizações.
A ideia para a concretização desta obra partiu de Carlos Ribeiro, numa altura em que sentiu que “o Dr. Frederico Garcia estava a entrar numa fase de esquecimento, com problemas de memórias”, recordou o “apaixonado por história, por Óbidos e por veículos de todo o terreno”, que deve uma parte significativa da sua atividade profissional aos bombeiros, onde aprendeu a gostar destes veículos, partilhou. Também o presidente da associação humanitária, Mário Minez, destacou que a obra pretende “dignificar as pessoas que passaram pelos bombeiros”. Reconheceu as dificuldades atuais em gerir, em regime de voluntariado, uma casa cujo orçamento ronda os 2 milhões de euros e equaciona a possibilidade de, no futuro, ter de se avaliar a necessidade de um gestor ou alguém a tempo inteiro.
O vice-presidente da Câmara, José Pereira, lembrou que as direções têm sabido acompanhar as necessidades e que, da parte da autarquia, tem havido “sempre uma atenção muito especial para com os bombeiros”. ■






























