O espaço “Estética e Arte” acolhe até 15 de Abril uma exposição de pintura de Alda Caetano e de Dulce Horta. A primeira autora está a assinalar 36 anos de trabalho ligados aos cuidados de beleza. Para assinalar a efeméride decidiu juntar a estética à arte. Para além das suas obras, convidou a amiga, Dulce Horta, a expôr os seus quadros.
As duas autoras têm traços em comum: frequentaram ateliers artísticos nas Caldas e costumam pintar à noite quando o sossego lhes permite dar vida às telas. Ambas preferem o óleo, mas há algo que as distingue claramente: o estilo de pintura. Alda Caetano prefere o abstracto e Dulce Horta o figurativo, pintando sobretudo o corpo.
A vida profissional – ligada à estética – afastou Alda Caetano das tintas e dos pincéis, apesar de já em criança ter muito jeito para o desenho e pintura. Em 2006, quando lhe diagnosticaram um cancro, não quis adiar mais o sonho de aprender a dominar as técnicas desta arte, tendo começado a frequentar vários ateliers artísticos.
As obras de Alda Caetano lembram uma estética inspirada em Vieira da Silva ou Cargaleiro, mas entre os artistas lusos as suas preferências vão para Júlio Pomar e Graça Morais. “Tenho tendência para pintar estas quadrículas”, explica Alda Caetano que até foi aconselhada pelos seus formadores a apurar essa técnica.
Para esta autora de Alcobaça que vive há 45 anos nas Caldas, a cor tem um papel fundamental e nas fases mais difíceis também os tons dos seus quadros escurecem, tal como aconteceu em 2006 quando lhe foi diagnosticado um cancro. A doença não a impediu de viver outras experiências artísticas, pois fez parte de um grupo de teatro de mulheres que estavam a ultrapassar o cancro e percorreu os palcos de todo o país. “Foi uma experiência de partilha que deu alento àquelas mulheres e chamou a atenção para a importância da prevenção”, disse.
Para Alda Caetano a pintura é uma forma de se libertar. “Quando pinto não tenho sono nem fome e lamento não ter mais tempo e disponibilidade”, rematou.
“Sou capaz de pintar um quadro numa noite”
Dulce Horta veio de Lisboa viver para Óbidos em 2004 e há três anos mudou-se para as Caldas. A sua relação com a arte “foi por acaso”. Formada em Relações Públicas e Protocolo, foi funcionária pública na Direcção Geral das Florestas e quando veio para o Oeste ainda trabalhou na Zona Agrária. Com a reforma, começou a frequentar os ateliers de pintura que há nas Caldas e em Óbidos, tendo descoberto que o género preferido é o figurativo, dedicando-se sobretudo ao corpo feminino.
É autodidacta no que diz respeito ao desenho e pinta directamente na tela. “Sou uma fazedora de coisas”, disse a autora, que todos os anos, no Verão, faz uma exposição de pintura na Casa dos Barcos, no Parque, e que também se dedica à bijutaria, malha e outras artes manuais.
“Faço muita coisa e sou noctívaga. Quando estou a pintar esqueço tudo”, disse. É no sossego de sua casa, ao som de música clássica e na companhia dos seus cães e gatos, que prefere trabalhar. “Sou capaz de pintar um quadro numa noite”, afirmou a autora que também escreve. Diz-se uma lutadora pelos valores em que acredita, maneira de ser que lhe tem sido útil já que tem um filho, de 38 anos, que sofre de paralisia cerebral.
Nas artes Dulce Horta já foi distinguida com um prémio do Museu Municipal de Óbidos por ter dado tridimensionalidade, com materiais recicláveis, a uma das suas pinturas.
Dulce Horta foi recentemente convidada a expor, entre outros lugares, na próxima edição da Festa do Avante, algo que a orgulha muito.
O espaço “Estética e Arte” fica situado na Rua Coronel Andrada Mendoça 22-A.































