Depois de Amarante, a exposição chegou a Óbidos no âmbito do projeto Paisagens Visuais, permitindo revisitar a obra de Silva Porto (1850-1893), um dos mais importantes paisagistas do século XIX. A mostra, patente na galeria Nova Ogiva, até 14 de setembro, percorre o trajeto artístico do pintor, desde os primeiros estudos na Escola Industrial do Porto, passando pela Academia Portuense de Belas Artes e pela experiência internacional como bolseiro em Paris e ainda a sua passagem por Itália. “Silva Porto é o introdutor da pintura moderna em Portugal”, começou por explicar o curador da exposição, João Paulo Queiroz, na inauguração (a 18 de julho), partilhando a vida e obra do autor e percorrendo as “paisagens” presentes nos 60 desenhos e pinturas, feitos em França e em Portugal, parte da coleção da Sociedade Nacional de Belas Artes.
Em 1880, o artista expõe, na Sociedade Promotora, 29 óleos, obras “vivas e intensas” que apresentam Portugal como nunca fora visto. Repete o sucesso anualmente, em exposições independentes do seu “Grupo do Leão” e, em 1890. funda a nova associação, o “Grémio Artístico.” Faleceu aos 42 anos, deixando “uma obra vasta e uma nova forma de pintar”.
Também presente, o presidente da Câmara, Filipe Daniel, salientou que o concelho quer também afirmar-se nesta área. “Um território sem cultura é um território pobre” disse o autarca, que pretende “democratizar” a cultura, através da possibilidade de acesso por parte de todos aos espaços museológicos.

Projeto envolve quatro territórios
Desde março de 2023 que a Nova Ogiva integra a Rede Portuguesa de Arte Contemporânea (RPAC), da DGArtes. Esta integração veio alterar a estratégia deste espaço, de forma a “permitir um melhor desenvolvimento de projetos em parceria, com diversas instituições de elevado reconhecimento nacional e internacional, permitindo a apresentação de uma Programação Cultural de Arte Contemporânea efetiva e de excelência”, explica Carlos Coutinho, chefe da subdivisão de Cultura da autarquia.
A mostra atualmente patente é resultado de uma candidatura à DGArtes, num trabalho que envolve quatro locais do país. Assim, o projeto “Paisagens Visuais” contempla a circulação de quatro exposições, entre quatro territórios: Silva Porto (Lisboa), Nadir Afonso (Foz Côa), Amadeo de Souza-Cardoso (Amarante) e “Ground Zero” (Óbidos), até maio de 2026. O desenho é o fio condutor desta parceria entre a Sociedade Nacional de Belas Artes, Côa Parque – Fundação para a Salvaguarda e Valorização do Vale do Côa e municípios de Amarante e de Óbidos.
O facto da Nova Ogiva pertencer à RPAC “acrescenta muito” ao espaço e a Óbidos, “tornando-se centralidade expositiva de projetos de maior dimensão e de excelência, ambiciosos, inovadores e com impacto crítico e cultural”, salienta Carlos Coutinho. Este reconhecimento permite o acesso a candidaturas RPAC e apoio financeiro da DGArtes, bem como a circulação de exposições e a conexão com os outros espaços e públicos artísticos. Óbidos integra ainda outro projeto de arte contemporânea intitulado “Um silabário por reconstruir”, também resultado de uma candidatura à DGArtes. Constituído por quatro exposições, com obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, estará patente em Óbidos de dezembro deste ano a fevereiro de 2026.
A galeria Nova Ogiva reabriu em 2005 tendo por base os pressupostos que fundaram o espaço em 1970, pelo escultor José Aurélio. Foi com uma grande exposição do artista plástico, que residiu em Óbidos, que foi reiniciada a divulgação do trabalho de artistas consagrados a nível nacional. A realização de um dos maiores eventos nacionais ligados à arte contemporânea, Junho das Artes, entre 2008 e 2011, a PIM, exposição de literatura e ilustração infantil (inserida no FOLIO) desde 2015, ou a exposição de finalistas de Artes Plásticas da ESAD.CR, desde 2020, são alguns exemplos da sua atividade. ■































