Os Vampiros de Filipe e Juan no CCC

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O mais recente livro de banda desenhada de Filipe Melo e Juan Cavia aborda a temática da Guerra Colonial

Os autores da premiada trilogia “As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy” lançaram o mês passado o romance gráfico “Os Vampiros” e vieram às Caldas expor uma amostra das 232 páginas que compõem esta banda desenhada. A exposição, patente no Café Concerto do CCC até 13 de Julho, reúne ainda algumas das ilustrações originais elaboradas pelo argentino Juan Cavia.
“Os Vampiros” relata a história de um grupo de nove soldados portugueses que em Dezembro de 1972 está na Guiné – em plena Guerra Colonial – e é destacado para o Senegal. Uma missão que aparentemente seria simples transforma-se num verdadeiro pesadelo tal é a paranoia e o cansaço destes combatentes que se vêem embrenhados no meio da selva, obrigados a confrontar sucessivos demónios: os da guerra e os que trouxeram consigo.
Ao contrário das personagens completamente inventadas de “Dog Mendonça e PizzaBoy”, os protagonistas e a narrativa de “Os Vampiros” são baseados em pessoas e histórias reais.
Filipe Melo começou a trabalhar no argumento do livro em 2008. “Oito anos depois aqui estamos nós. O processo foi demorado porque exigiu muita pesquisa tanto ao nível da leitura como de documentários, além de muitas horas de conversa com ex-combatentes”, revela o autor, acrescentando que o título “Os Vampiros” foi inspirado na canção de Zeca Afonso com o mesmo nome. Curiosamente, uma das companhias de comandos portugueses que combateu na Guiné também se designava “Vampiros”.
Embora Filipe Melo não seja caldense, já há algum tempo que mantém uma relação de proximidade com o Centro Cultural e Congressos. “É uma casa onde guardo muitas boas memórias. Já lá dei cursos, concertos, workshops e fiz gravações”, nota o também pianista de jazz e realizador de cinema.
Na edição do Caldas Nice Jazz 2016 Filipe Melo actuará com o seu trio em conjunto com o músico Jordi Rossy. Este será o segundo ano consecutivo em que Filipe Melo constará do programa do evento jazzístico das Caldas.
Conhecido como um homem de vários talentos, Filipe Melo assegura que nem a música nem a banda desenhada lhe saem facilmente das pontas dos dedos. “É tudo muito difícil, e precisa tudo de muito tempo para acontecer. Fui-me habituando a gerir essa ansiedade e a tentar aproveitar o processo, mas é complicado: sinto sempre que preciso de mais tempo, e que esse tempo não existe. Isto é trabalho para uma vida inteira”, afirma, salientando que tanto a música como a banda desenhada se resumem a uma vontade enorme de transformar ideias abstractas em resultados concretos.
Na inauguração da exposição realizou-se uma masterclasse de escrita criativa, ilustração e banda desenhada com os dois autores. Nas três horas de aula os participantes foram convidados a desbloquear a sua imaginação e a partilhar ideias sobre o processo criativo do desenho.

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