A Orquestra de Sopros de A-dos-Francos gravou um CD ao vivo, com a estreia de alguns temas, a 4 de Agosto no CCC. Este grupo resulta de um estágio de Verão para jovens músicos, iniciado em 2007, naquela vila caldense e que reuniu 30 participantes. Hoje já conta com 108 músicos, oriundos de várias zonas do país. O próximo passo será encomendar obras originais a compositores para esta Orquestra que só se junta durante uma semana por ano.
São 108 jovens dos 12 aos 29 anos. Vêm de todo o país e juntam-se no Verão em A-dos-Francos para aperfeiçoarem os seus conhecimentos musicais. O estágio deste ano começou na segunda-feira, 1 de Agosto e prolongou-se durante toda a semana. Alguns passaram todo o dia em viagem para chegar a A-dos -Francos. Vêm de Vila Real, do Algarve e também dos Açores e ficam alojados onde a organização conseguiu arranjar guarida: no Grupo Desportivo, nas piscinas, na associação local, em quartos ou apartamentos que os habitantes de A-dos-Francos dispensam.
Foi também a população desta vila que contribuiu com mil euros, conseguidos através de dois peditórios pelos organizadores, de modo a cuidar das questões logísticas que envolvem as refeições e a estadia de mais de uma centena de jovens.
Tudo isto é feito já há 10 anos, sob a coordenação de um jovem maestro local, Pedro Santos. Este conta com a colaboração de um grupo de amigos e familiares e, todos juntos, graças ao trabalho voluntário, conseguem gerir uma semana de trabalho e também de convívio entre jovens músicos de todo o país. Desta Orquestra de Sopros fazem parte elementos da banda de A-dos-Francos e dos agrupamentos do Carvalhal e de Santa Catarina que entretanto souberam pelos amigos e também quiseram juntar-se ao projecto.
Muitos músicos vêm há vários anos e entre eles já há quem se encontre a seguir música. Há estudantes que estão na Holanda e na Alemanha, outros já são licenciados e outros encontram-se a frequentar conservatórios e escolas profissionais. Alguns participantes até já venceram prémios em concursos nacionais e internacionais.
Este ano houve um grande entusiasmo por causa do convite do CCC para gravar um CD. “Conseguimos fazê-lo com apenas dois dias e meio de ensaios e uma série de pré-gravações”, disse o maestro Pedro Santos, muito satisfeito por o número de jovens participantes já ter ultrapassado a centena. “Não é fácil para uma vila com A-dos-Francos receber e alojar de uma vez só 108 pessoas….”, contou o organizador. O crescimento do grupo tem a ver com o passa a palavra entre os participantes. Para frequentar este estágio, os músicos não pagam nada e ainda têm ajuda para pagar as despesas relacionadas com o transporte.
“A média de idades está entre os 16 e os 18 anos”, disse o organizador. Pedro Santos é professor de Música nos Açores e já ajudou a encaminhar alunos para as escolas do continente.
Uma das suas preocupações é compor uma equipa que o ajude nesta organização anual. Tiago Alves, de 26 anos, que é também maestro da banda de A-dos-Francos, congratulou-se com o facto da Orquestra poder gravar um CD “pois poder gravar não está ao alcance de todas as bandas que os participantes integram”.
Algum convívio… e muito trabalho
Tatiana Sousa, 23 anos, toca flauta transversal e há três anos que frequenta este estágio. Diz que “é muito bom” pois o convívio entre todos “é espectacular, além de que estamos a fazer o que gostamos”. Faz parte desta Orquestra e quer continuar a participar neste estágio de Verão.
Por seu lado, Diogo Esteves, 21 anos, começou em 2007 na Orquestra, ano em que começou a aprender música. Conta que apesar do trabalho do estágio de Verão ser exaustivo, dado que ensaiam de manhã à noite, “é um prazer enorme fazer parte deste grupo”. Referiu também que é graças a este estágio que percebeu que queria seguir música.
Este ano com a gravação do CD, os ensaios foram mais exaustivos mas, segundo Diogo Esteves, nos estágios anteriores, foi possível ir à praia e marcar jogos de futebol entre os músicos. Estas são actividades necessárias para poder descontrair um pouco do estudo da música.
Rui Pinheiro, 28 anos, toca trompete e faz parte deste projecto desde o início. Dá formação na Orquestra e é um dos amigos do maestro Pedro Santos que trabalha para a Orquestra de Sopros. Diz que o melhor do estágio “é a união entre todos” e espera que o agrupamento possa continuar a evoluir.
O concerto no CCC contou com a plateia a meio gás, mas o público ofereceu-lhes fortes aplausos, merecidos, não só pela actuação como pela recompensa de uma semana de trabalho na música.
Do CD e do concerto fizeram parte os temas Fanfare for the Common Man (de Aaron Copland), Reticência (de Nelson Jesus), D-Day (de Alex Poelman), 5a Sinfonia “Sakura” (de Alfred Reed), Sang Sang (de Dana Wilson) e Concerto para Clarinete, Euphonium e Orquestra de Sopros do maestro e organizador Pedro Santos. Esta obra foi interpretada em estreia nacional. No CCC, o maestro-organizador do estágio contou à plateia que depois da estreia de peças, gostaria de futuramente fazer encomendas a compositores portugueses para esta Orquestra de Sopros.
No dia seguinte, 5 de Agosto, o grupo actuou na própria vila de A-dos-Francos em agradecimento aos habitantes que os recebem e os acolhem para uma semana de trabalho.
































