Será inaugurada hoje à tarde, no Museu Municipal, a exposição “Óbidos: da Monarquia à República”, que mostra como foi vivida, de forma pouco conturbada e com registos de apenas alguns focos de resistência, a mudança de regime neste concelho.
A exposição é composta por peças do museu em reserva, como quadros, bandeiras e vária documentação (alguma dela inédita). Todos os objectos estão acompanhados por textos explicativos, que dão também nota da vida social e económica de Óbidos no início do século passado.
“Nessa altura havia bastante vida, com muito comércio e pessoas a habitar dentro da vila, apesar dos monumentos apresentarem um elevado estado de degradação”, explicou João Pedro Tormenta, um dos historiadores do Arquivo Municipal, que organiza a mostra.
Este responsável adiantou que possuem registos de vários talhos, uma padaria, tabernas e uma barbearia, cujas imagens irão constar de uma apresentação multimédia sobre a vila e suas vivências, que também estará ao dispor dos visitantes.
“Havia uma vida própria, apesar de uma certa decadência dos monumentos e edifícios institucionais da vida”, complementa Ricardo Pereira, também historiador do Arquivo Histórico.
É também no final do período monárquico, em Junho de 1910, que se dá a classificação do castelo de Óbidos como monumento nacional, o que permitiu “salvar” o monumento. O restauro viria a dar-se apenas em 1940, mas até então já havia um estatuto que o protegia.
João Pedro Tormenta deu mesmo o exemplo do que aconteceu no castelo da Lourinhã, em que as pessoas começaram a levar a pedras da muralha e, como não houve qualquer tipo de salvaguarda, este foi totalmente pilhado.
Na primeira década de 1900 viviam cerca de 17 mil pessoas no concelho de Óbidos, que englobava também aquilo que é hoje o concelho do Bombarral. Curiosamente o presidente da primeira Comissão Municipal Republicana que se instalou em Óbidos, a 10 de Outubro de 1910, era do Bombarral e chamava-se Júlio Tornelli. Quatro anos mais tarde, com a criação do concelho do Bombarral, viria a tornar-se o primeiro presidente daquela autarquia.
Ricardo Pereira explica esta escolha com o facto de em Óbidos não haver um foco republicano tão forte como na então freguesia do Bombarral, que estava muito ligada aquele ideal.
A exposição contará também com um plano de visitas das escolas do concelho, que também estão a estudar a temática e a fazer trabalhos que depois serão expostos. A iniciativa será acompanhada por uma brochura evocativa deste período.































