Óbidos conheceu os animais fantásticos criados por Javier Saéz Castán

O “Animalário Universal do Professor Revillod”, uma compilação de 16 ilustrações de animais, organizada de forma a que se possam fazer diferentes combinações entre elas, (como um tigre com corpo de vaca e cabeça de galinha ou um hipopótamo com corpo de pulga e rabo de peixe) serviu de base de trabalho criativo na antiga escola do Casais Brancos, agora transformada em livraria.
O autor esteve durante dois dias com adultos e crianças, com quem dinamizou oficinas manuais. As crianças, por exemplo, foram convidadas a desenhar um animal, que o artista plástico depois recortou em três partes, misturando-as entre si. No final, cada uma das crianças acabou por levar a cabeça do bicho que tinha criado, juntamente com um corpo e um rabo que não lhe pertencia.
No sábado houve a “merenda do Senhor Verde”, com o artista a contar a sua história tendo por suporte os bonecos feitos nos ateliers. “Correu tudo muito bem, foi uma experiência muito intensa”, contava no final o ilustrador espanhol, destacando que passaram cerca de 50 pessoas pelas oficinas, de onde resultaram “trabalhos muito bonitos e novos para mim”. Esta foi também a primeira vez que o artista construiu  um animalário em três dimensões e um teatro com as personagens do livro “O Senhor Verde” em apenas dois dias.
O autor diz que gostaria agora de levar o livro para outros “terrenos”, como as oficinas ou os brinquedos, pelo que irá continuar a apostar nesta vertente lúdica.
Javier Saéz Castán conheceu os proprietários da livraria em Madrid há alguns anos e descobriu que projectos tinham muito em comum. “Gostei muito da ideia  de uma livraria que não era só um espaço de venda de livros, mas também oficina e galeria, e que está pensada para as famílias”, disse, acrescentando que “sempre quis trabalhar num projecto assim”.
Também presente no evento esteve a editora da Orfeu Negro, Carla Oliveira, que foi a responsável pela edição do “Animalário” em Portugal. “Normalmente quando trago os livros de Bolonha [Itália], seja de presente ou os que penso editar, são testados com o meu filho”, disse, acrescentando que, enquanto editora aposta nos livros de que gosta.
“Há uns de que gosto muito, mas que não consigo fazer porque não há meios financeiros para isso, pois a produção de livro infantil ilustrado é bastante cara em Portugal”, salientou, acrescentando que no caso de obras como o Animalário ou o Livro Inclinado, foi “amor à primeira vista”.
A comercialização desta obra em Portugal está a correr bem, segundo a editora, que destaca a aceitação que teve na Feira do Livro, sobretudo da parte dos adultos. “São eles se sentem primeiramente impelidos pelo livro, sobretudo os arquitectos e os designers que, em geral deliram”.
Na galeria Sala de Papel, está patente, até 24 de Dezembro, a exposição “Encontros com Bichos – uma mostra de memórias, ilustrações e objectos”, com ilustrações originais do Animalário. A exposição também é uma novidade porque junta num mesmo espaço os desenhos e objectos do seu autor. “É a primeira vez que uma exposição recorre a trabalhos que fiz em pequeno e parece-me muito completa”, conta, especificando que estão patentes desenhos que fez quando tinha apenas três anos. Aos quatro fez uma primeira banda desenhada e aos cinco um conto.
A mostra pode ser visitada de terça a sexta-feira, entre as 15h00 e as 19h00 e aos sábados entre as 10h00 e as 13h00 e das 15h00 às 19h00.
A livraria Bichinho do Conto fica situada na Estrada dos Casais Brancos.