O passado das Caldas retratado no Museu do Ciclismo

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notícias das CaldasQuem visitar a sala de exposições do Museu do Ciclismo até ao final do mês pode revisitar praças, ruas, monumentos, conhecer rostos da cidade e os legados de D. Leonor, D. João V, Berquó e Bordallo. A exposição intitulada “Caldas da Rainha – identidade histórica à luz do bilhete-postal ilustrado”, é comissariada por Mário Lino e retrata a cidade e suas gentes durante os primeiros 30 anos do século XX.
Pela sala encontram-se dispostos 24 painéis com imagens ampliadas e largas centenas de postais, que pertencem às colecções de Joaquim Saloio, Diamantino Fernandes e Miguel Chaby. As fotografias e exemplares de imprensa da época são da colecção particular de Mário Lino.

A mostra começa com o núcleo das figuras relacionadas com a exposição e que estão retratadas nos postais através dos monumentos e obras que edificaram nas Caldas, bem como algumas figuras da tauromaquia.
O parque D. Carlos I também está em destaque, com referências a José Malhoa e ao Hospital Termal, com imagens do edifício criado por D. João V e depois das obras de Rodrigo Berquó.
Pode ainda ser visto, e por muitos relembrado, o teatro Pinheiro Chagas (1901), no qual Bordalo Pinheiro colaborou no projecto de arquitectura, assim como imagens do mesmo edifício quando este foi convertido em cine-teatro com o advento dos filmes sonoros nos anos 30.
A revista brasileira “Brasil Portugal”, datada de 1909 e com imagens da cidade termal, também consta da mostra. E porque aquela é uma casa que acolhe o ciclismo, não podem faltar referências ao cicloclube caldense.
Pelas paredes do Museu do Ciclismo é ainda possível apreciar uma burricada à porta do Hotel Lisbonense, as termas, ou a Praça da República em diversos períodos, com a venda dos produtos hortícolas e de olaria.
Depois das Caldas, está prevista a ida da exposição para Figueiró dos Vinhos, uma vez que a mostra reporta ao tempo de José Malhoa, que viveu também naquela viva.
“A cartofilia é uma fonte histórica inesgotável”

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No fim-de-semana das festas da cidade (14 e 15 de Maio) a exposição foi complementada com uma feira de postais ilustrados. O cartofilista Carlos Baptista participou na mostra, trazendo de Lisboa cerca de 15 mil exemplares.
Afirma que o coleccionismo está pouco divulgado no país e tenta lutar contra isso. “A cartofilia é uma fonte histórica inesgotável”, realça, dando conta dos costumes, arquitectura e conhecimento das cidades que se encontram reconstituídos nos postais ilustrados.
De acordo com Carlos Baptista, o coleccionismo abrange uma faixa etária superior a 50 anos, pelo que, se não se cativarem os jovens, teme que esta seja uma prática que caia em desuso.
O cartofilista trabalha essencialmente com postais datados do fim do séc. XIX até 1940. Destaca que as Caldas da Rainha foi muito retratada durante as primeiras quatro décadas do século XX, essencialmente por causa das termas. “Estes eram os postais turísticos da época”, conta o responsável, que terá cerca de 150 postais desta cidade.
Durante os dois dias que esteve no Museu do Ciclismo Carlos Baptista fez negócio e, sobretudo, falou sobre postais com outros coleccionadores. Não foi um bom fim-de-semana de feira, mas reconhece que actualmente “não o é em lado nenhum”.
O preço médio de um postal desta época será de 10 euros. Há alguns mais baratos, mas também raridades, que chegam a custar mais de 200 euros. “Com 30 euros já se compra um postal bom, com movimento, que represente algo da época”, explica.
Carlos Baptista começou a trabalhar nesta área com um familiar, mas depois acabou por seguir outros caminhos. Há 10 anos, altura em que estava desempregado, voltou a dedicar-se a este negócio. “Agarrei-me de tal maneira aos postais que nunca mais larguei”, conta. Agora faz as feiras das velharias da zona Centro, entre Coimbra e Lisboa.

 

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