Nuno Markl encheu pequeno auditório do CCC com memórias dos anos 80

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notícias das Caldas
Isabel Castanheira, Nuno Markl e Patrícia Furtado

O humorista Nuno Markl esteve no CCC a 24 de Fevereiro para apresentar o seu último livro “Caderneta de Cromos” e foi recebido por uma legião de fãs, ávidos para ouvir as suas histórias.
Em mais um Café Literário da Livraria 107, Nuno Markl esteve acompanhado de Patrícia Furtado, autora das ilustrações do livro, com quem está a trabalhar no segundo volume.
Esta sessão teve a particularidade de começar com a actuação do coro de alunos do colégio Rainha D. Leonor, os quais cantaram temas dos Monty Python e do filme Música no Coração.

A propósito da música dos humoristas ingleses, Nuno Markl recordou o falecido actor António Feio, com quem colaborou no espectáculo “Os Melhores Sketchs dos Monty Python”, que também passou pelo CCC das Caldas. “Esta foi também uma bonita homenagem ao António Feio, uma pessoa que deixa saudades”, disse.
Nuno Markl começou por falar durante meia hora e depois o resto da noite foi preenchida com um “debate” com o público presente. Os fãs que apareceram eram de várias gerações, desde os que eram crianças nos anos 70 ou 80 até aos mais novos que descobriram com este livro aquilo que os seus pais viam e viveram quando tinham a sua idade.
Uma das participantes nessa conversa contou como recentemente os seus filhos estavam a ver o livro de Nuno Markl e comentaram que “deve ter sido tão fixe viver nos anos 80”.
O humorista referiu que a sua geração foi a que se seguiu aos que viveram o 25 de Abril. “Depois daquilo aparecemos nós, estamos ali a comer petazetas e não acontece grande coisa”, disse, acrescentando que foi também a época “do mau cabelo e da má roupa”.
Numa altura em que se fala tanto da crise económica no país, Nuno Markl até acha que os anos 80 devem servir para lembrar que “naquela altura havia coisas mais estranhas do que hoje”.

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Uma caderneta com muitos cromos

“A Caderneta de Cromos” reúne as crónicas apresentadas pelo humorista na rubrica com o mesmo nome na rádio Comercial, onde fala das suas experiências quando era criança e adolescente, recordando alguns dos temas que mais marcaram os anos 70 e 80, como os desenhos animados da Heidi ou o cubo mágico. “Nunca mais vai haver uma heroína chamada de Pipi [das meias altas]”, brincou o autor.
“Esta rubrica acompanha muito tempo da minha vida actualmente”, contou, admitindo que grande parte da sua vida tem sido ocupada com temas alusivos aos anos 70 e 80. “As coisas já vêm ter comigo. A Caderneta de Cromos é baseada em coisas que me aconteceram no passado ou que acontecem no presente, mas estão relacionadas no passado”, disse.
Quase a fazer 40 anos, Nuno Markl achou que em vez de ficar deprimido por causa sua idade, devia aproveitar as memórias da sua infância e adolescência para fazer uma rubrica na rádio.
Foram algumas dessas memórias que o autor recordou no CCC, como quando comprou um casaco branco “muito parecido com o que o Don Johnson usava na série Miami Vice”, e que seria motivo para que, na única vez em que Nuno Markl o vestiu, alguém passasse por ele de carro e gritasse “mariconço”.
“A Caderneta de Cromos” acabou também por dar lugar a um livro e a um espectáculo com o mesmo nome, do qual faz parte a história do casaco branco.
“Perante a recepção que tivemos hoje, fica claro que temos que fazer a Caderneta de Cromos ao vivo no CCC”, sugeriu o humorista, aproveitando para informar que este espectáculo irá ter novas piadas e será uma nova experiência para quem já tenha assistido noutro local.
Para a execução dos “sketches”, Nuno Markl teve a colaboração de artistas como José Cid e David Fonseca, que adaptaram algumas das suas canções aos temas que são apresentados.
No livro contou com a colaboração de Patrícia Furtado, que durante a apresentação contou que já era fã de Nuno Markl e quando foi convidada para este projecto ficou muito entusiasmada. Até por ter a oportunidade de desenhar cada um dos cromos como estes eram feitos antigamente. “Foi espectacular o primeiro momento em que tivémos os cromos na mão”, lembrou.
O principal desafio foi conseguir ter um fio condutor gráfico para desenhar os cromos com pessoas famosas, filmes ou produtos como as cassetes áudio.
No final da apresentação, Nuno Markl e Patrícia Furtado ainda ficaram cerca de uma hora a dar autógrafos.

 

Lotação limitada gerou protestos

Depois da enchente no Café Literário com Ricardo Araújo Pereira e José Diogo Quintela em Janeiro, a direcção do CCC optou por limitar a audiência à capacidade do pequeno auditório (150 pessoas), o que deixou várias dezenas de pessoas à porta.
No início da sessão Nuno Markl ainda brincou, fingindo gritar para “os que ficaram à porta”, mas houve quem não achasse graça à situação e acabasse por pedir o livro de reclamações e expressar o seu protesto.
As críticas continuaram no Facebook, na página do CCC e do próprio Nuno Markl. “Será que se compreende deixarem tantas pessoas sem poderem assistir à conversa, enquanto se mantinha o grande auditório fechado?”, questionou no Facebook Graça Seco, uma das pessoas que ficou à porta.
Segundo a caldense, a sua reclamação teve de ser escrita numa folha branca “porque o livro de reclamações já tinha acabado”.
Joana Silva comentou no Facebook que, apesar de perceber o facto de existir uma lotação máxima, gostaria que tivesse sido divulgado a existência de bilhetes porque “nós íamos mais cedo para conseguir o bilhete e ver nosso Markl”.
Helena Patrício apresentou uma reclamação e também se queixou na Internet por lhe ter sido “literalmente, fechada a porta na cara”.

 

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