Novo filme de Joaquim Sapinho estreia em Portugal a 15 de Novembro

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O lado mais desconhecido do surf no Guincho dá o mote a este filme para maiores de 12 anos

Chama-se “Deste Lado da Ressureição” o mais recente filme do realizador Joaquim Sapinho, que apesar de ser natural do Sabugal tem estreitas ligações à Benedita, onde viveu grande parte da sua infância e juventude. Um ano depois da sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto, a quarta longa-metragem do realizador chega aos cinemas portugueses a 15 de Novembro, ainda que em exclusivo no UCI Cinemas – El Corte Inglés e UCI Arrábida, não se sabendo ainda se e quando vai passar noutras salas.
Em “Deste Lado da Ressureição” conta-se a história de Rafael, um surfista da praia do Guincho que procura um sentido para a sua vida, numa altura em que não consegue definir o seu lugar no mundo e está em total ruptura com a sociedade. Uma história que contraria o estereótipo de mundo de riqueza, sexo e vaidade que os média dão do surf.
“Eu passei dez anos no Guincho com a comunidade surfista e vi que os verdadeiros surfistas são pessoas que romperam com a sociedade. Não têm dinheiro, quase não comem. Levantam-se todos os dias de madrugada para ir surfar. Ficam horas no mar, à espera das ondas, em contemplação, sozinhos no frio”, explica Joaquim Sapinho. Mas o que atraiu o realizador foi constatar que “quando a onda vem, há uma violência única de entrega a uma força incontrolável da natureza. Só saem da água quando estão totalmente esgotados, destruídos. No dia seguinte fazem o mesmo”, conta.Explicando como nasceu esta sua longa metragem, Joaquim Sapinho lembra que quando conheceu Pedro Sousa, o campeão júnior de surf do Guincho que é um dos protagonistas do filme, conheceu o lado inclemente das ondas daquela praia, “que rejeita aqueles que não têm a humildade de aceitar esta violência”. O realizador apercebeu-se de que muitas vezes os surfistas do Guincho passavam a noite nas ruínas do Convento dos Capuchos, atraídos por um fascínio que não sabiam explicar.
“Um dia, também eu subi a serra, saltei o muro do convento, e sentei-me no claustro, preparando-me para passar ali a noite. Veio uma coluna de nevoeiro, das que vão passando no topo da montanha, que num segundo fez desaparecer o claustro, e depois o próprio convento. Na confusão das portas e das janelas escondidas, vi os monges nas suas tarefas quotidianas, abstraídos da minha presença, mas totalmente absorvidos numa oração interior”, explica o realizador. “Tão rapidamente como veio, o nevoeiro levantou-se e desapareceu, levando os monges consigo. Eu sabia que o Pedro Sousa era um desses monges. Foi assim que começou o Deste Lado da Ressurreição”, diz.
Ao surfista Pedro Sousa juntam-se a estreante Joana Barata, o surfista João Cardoso, o treinador de surf Guilherme Garcia, o biólogo do Parque Natural Sintra-Cascais Luís Castro. “Deste Lado da Ressureição” conta ainda com a participação especial de Pedro Carmo e Sofia Grilo.
O novo filme segue-se a “Corte de Cabelo” (1996), “Mulher-Polícia” (2003) e “Diários da Bósnia” (2005). O filme foi escolhido como um dos dez melhores do ano por Haden Guest, da revista nova-iorquina Film Comment e teve antestreia nos Estados Unidos da América no Harvard Film Archive, a cinemateca da Universidade de Harvard, e em Anthology Film Archives, a cinemateca de referência de Nova Iorque. O filme tem a chancela “Rosa Filmes” a produtora independente que o próprio Joaquim Sapinho fundou e dirige.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt

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