O Folio – Festival Literário Internacional de Óbidos irá decorrer entre 15 e 25 de Outubro e contará com a presença de 50 escritores portugueses e estrangeiros. As primeiras confirmações, na sua maioria autores africanos e brasileiros, foram tornadas públicas na apresentação do evento, que decorreu no passado dia 7 de Julho, no café Martinho da Arcada, em Lisboa.
O ministro da Cultura brasileiro, Juca Ferreira, marcou presença e caracterizou o festival de “ousado”, destacando a ligação entre a literatura e a folia, assim como a estratégia de cooperação entre países de língua portuguesa.
Pepetela, Luís Fernando Veríssimo, Gonçalo M. Tavares, Mia Couto, Ricardo Araújo Pereira, Pedro Rosa Mendes, Pedro Mexia, Carlota Saavedra e Alexandra Lucas Coelho, são alguns dos escritores lusófonos já confirmados para a primeira edição do Folio. Outros irão juntar-se, nas próximas semanas, para um total de 50 autores a participar no evento.
Durante 10 dias a vila será palco de espectáculos de música, teatro, performance, cinema, tertúlias, mesas redondas e exposições.
O curador do festival responsável pela vinda dos autores, o escritor José Eduardo Agualusa, referiu que este projecto tem inspiração brasileira, no festival literário de Paraty, sobretudo na sua componente festiva. “Desde o início quisemos mostrar que o livro, a literatura e o pensamento podem ser uma festa”, disse, acrescentando que o festival tem uma componente literária, mas também uma de folia, que tem como curadora Anabela Mota Ribeiro.
Entre os concertos estão previstos o de António Zambujo a cantar Caetano Veloso, Kalaf e Toty Sa’med com uma viagem pela poesia angolana dos anos 60 e 70, e o espectáculo “O Telhado do Mundo”, onde o escritor Ondjaki escreve em tempo real e os desenhos que António Jorge Gonçalves cria digitalmente entram em diálogo com a música de Filipe Raposo.
Gregório Duvivier, um dos criadores do projecto humorístico Porta dos Fundos, estará em Óbidos a partilhar poesia, a fadista Cristina Branco cantará Chico Buarque e o Real Combo Lisbonense trará o espectáculo Cármen Miranda.
Os mais jovens poderão contar com uma programação que visa o desenvolvimento de futuros leitores, e haverá uma parte dedicada às novas tecnologias e uma outra, denominada Folio Paralelo, onde estarão editoras com lançamentos de livros e sessões de autógrafos.
Actualmente já existem nove livrarias em Óbidos, integradas na rede Vila Literária e em Outubro já serão 11. “Temos espaços onde podemos organizar os debates, outros para os espectáculos, mas ao mesmo tempo temos todas estas livrarias e espaços alternativos, que iremos aproveitar”, disse José Eduardo Agualusa.
O primeiro evento do género em Portugal
O curador destacou que se trata do primeiro evento do género a realizar-se em Portugal e acredita que o seu sucesso irá multiplicar a existência de eventos semelhantes, tal como aconteceu no Brasil. O escritor, que conhece bem a realidade brasileira, testemunhou que actualmente existem centenas de festivais literários espalhados por todo o país e a produzir novos leitores.
De estadia em Portugal para estreitar a colaboração entre os dois países, o ministro da Cultura brasileiro, Juca Ferreira, marcou presença também na apresentação do festival, destacando a sua relevância. O governante considera o evento “ousado” e adorou a associação entre literatura e folia.
Para Juca Ferreira, este festival é uma “estratégia importante para desenvolver acções que fortaleçam a nossa língua e criem possibilidades de um intercâmbio e de uma proximidade muito maior”, entre países de língua portuguesa.
A apresentação do evento foi feita horas antes da escritora Hélia Correia receber o prémio Camões, que também marcou presença. À Gazeta das Caldas, a autora disse conhecer Óbidos e destacou a beleza das suas livrarias.
O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, disse mesmo tratar-se de um “bom augúrio” que o festival se estivesse a lançar nesta data de celebração da língua portuguesa. Esperou que os dias de “folio e de folia sejam magníficos” e que possam celebrá-los, todos, em Outubro.
Esta primeira edição tem um investimento inicial de 500 mil euros, dos quais 85% são garantidos por fundos comunitários. O presidente da Câmara, Humberto Marques, admite que o valor possa ascender aos 600 mil euros, montante que será suportado por custos próprios, pelo que irão procurar parceiros institucionais.






























