Noite de fados no Zina supera edições anteriores

1
639
Fados no Zina

O restaurante Zina, na A-da-Gorda, voltou a dar música. Pela quinta vez consecutiva, o fado atravessou chegou a portugueses e estrangeiros num jantar de verão que teve lugar no passado sábado, 10 de Julho, e se prolongou muito para lá da meia-noite.
Paulo Ribeiro, Ana Sofia Magalhães, Marcelino Ribeiro, João Plácido, Nuno Aguiar e Dulceneia Ramos, deram voz a seis fados – intercalados em três rondas – que fizeram despertar a música tradicional portuguesa. A assistência deu uma ajuda nos coros, a temas como “Estranha forma de vida”, “Saudades de Júlia Mendes” ou “Nem às paredes confesso”. E até um grupo de turistas alemães acompanhava o ritmo da guitarra portuguesa e das palavras lusas.
Ao todo, foram 80 pessoas que passaram a barreira das 2h00 da manhã com o grupo de seis fadistas. Mas nem sempre a casa esteve repleta de gente, como aconteceu naquela noite. Rui Vieira, responsável do restaurante Zina, contou que no ano passado abriram ao público duas noites de fado no mesmo mês (Maio) e que com isso a afluência acabou por ser menor do que o esperado. Por isso, “este ano quisemos fazer algo diferente e alargámos o número de fadistas [quatro para seis] incluindo todos numa só noite”.
Os três meses de publicidade também ajudaram, mas o contributo da organização artística foi o factor determinante para bater o recorde da sessão de fados. O elenco esteve a cargo de um dos fadistas, Paulo Ribeiro. “Falei com ele para ver se ele conseguiria trazer as pessoas que mais se adequavam dentro do meu gosto pelo fado. Mas também queria que ele trouxesse fadistas conhecidos e que nunca tinha cá vindo, como foi o caso do Marcelino Ribeiro. E ele conseguiu”, disse Rui Vieira.

POR AMOR AO FADO

Marcelino e Paulo Ribeiro foram os dois irmãos que abrilhantaram a noite. Ambos começaram cedo a sua carreira. Marcelino iniciou-se aos 12 anos. No gira-discos do pai ouvia as estrelas de então: Fernando Farinha, Carlos Ramos, António Mourão, Tristão da Silva, Teresa Tarou, entre outros. Embora diga que o fado “não é uma coisa genética”, o certo é que o foi cultivando e incutindo no seu irmão mais novo, Paulo, quando ia cantar para o estrangeiro.
Marcelino Ribeiro gravou cinco cassetes na década de 80 e dois discos nos anos 90. Depois parou. De igual modo, o seu irmão Paulo editou um CD há dez anos, mas também ele não quis continuar. Para Paulo Ribeiro “é complicado voltar a lançar por causa dos custos financeiros – um disco não custa dois tostões e não há ninguém que subsidie”.
Mas não há nada melhor do que arriscar. Foi o que fez Ana Sofia Magalhães, repetente nos eventos de fado no restaurante Zina. Descobriu o fado em 2007 aquando acompanhou a mãe numa noite de fados. “Naquela noite chamaram-me para cantar e disseram que eu até tinha jeito. Foi aí que a paixão se infiltrou”. Uma paixão tamanha que a fadista, de 28 anos, residente em São Martinho, acabou mesmo por editar um CD. “Foi uma brincadeira com o Nuno Aguiar [outros dos fadistas convidados] que para mim é um mestre. Como era o meu primeiro álbum, ele também quis apadrinhar o disco para ajudar-me a sentir mais segura”, contou Ana Sofia Magalhães. Intitula-se “Por Amor”, foi lançado no final de 2009. “Tenho tido uma resposta positiva do trabalho, mas por enquanto não faço do fado a minha profissão”, afirmou a fadista, que, quando não é, trabalha nas portagens da auto-estrada.
Sem puderem fazer da música uma profissão, os fadistas vão cantando em encontros semelhantes a este. Mas no restaurante Zina, fados, só daqui a um ano. Para Rui Vieira, agora “já é tempo de começar a pensar na noite de passagem de ano”, mesmo que ainda só estejamos no início do segundo semestre.

- publicidade -

Tânia Marques

- publicidade -

1 COMENTÁRIO

  1. Parabens por mais esta super noite de fado , foi fantástica .
    Parabens a toda a equipa e aos fadistas .