Natália Correia em destaque nas Caldas

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O evento dedicado à poesia erótica também incluiu uma prova de vinhos da marca Feitores e que é da região

Poesia erótica portuguesa foi lida em tertúlia nas Caldas, em tempos em que se proíbe o tema da sexualidade nas escolas

A loja de design Linha da Vizinha continua a apostar em programação cultural.

A 1 de agosto houve uma tertúlia dedicada à poesia de Natália Correia, sobretudo à sua vertente mais insubmissa e de carácter erótico. A sessão, coordenada pelo convidado Carlos Oliveira Santos, não poderia ter decorrido em melhor localidade já que este considera que as Caldas “é a capital mundial do manguito!”.

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Carlos Oliveira Santos, reformado da Universidade de Lisboa, tem mais de três dezenas de livros publicados, vários de poesia. Na sessão foram lidos vários poemas da antologia de poesia erótica portuguesa que Natália Correia organizou em 1965 e que causou escândalo e foi apreendida pela PIDE, com vários dos intervenientes julgados e condenados em Tribunal. “Foi também um momento cultural impressionante!”, disse o convidado, acrescentando que Fernando Ribeiro de Mello foi “o único editor condenado em Portugal por causa desta antologia”.

Natália Correia, que organizou a antologia foi condenada a três anos de prisão com pena suspensa. A escritora com Maria Teresa Horta e Florbela Espanca estão entre as poucas autoras desta coletânea, que reuniu poesias de mais de 90 autores e prova como “foi diminuta a presença das mulheres nesta iniciativa da editora Afrodite” .

Carlos Oliveira Santos considera que esta “é uma antologia dos reprimidos por termos vivido uma longa tradição repressiva em que o sexo era mal visto”.

E o tema parece estar de novo na ribalta com a retirada do tema da sexualidade do programa da disciplina de Cidadania. “O isolamento em que hoje as pessoas vivem e uma certa angústia relacionada com a vida urbana deveria servir para que a sexualidade fosse vista como algo mais natural, do entendimento, do diálogo e ligada à interação, bem distante da digitalização e do fechamento em que atualmente se vive”, afirmou o autor.
Durante a sessão foi dada a conhecer a ligação de Natália Correia às Caldas da Rainha, que era presença regular nas sessões do Conjunto Cénico Caldense e também o facto de Luiz Pacheco ter vivido nas Caldas, entre 1964 e 1968. Este ano também se assinala o centenário do nascimento deste autor “maldito”.

A tertúlia contou com uma prova de vinhos Feitores, que são criados por uma família em Famões, aldeia no concelho do Bombarral, há cinco gerações.

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