No próximo ano serão investidos 300 mil euros de fundos comunitários na melhoria do Museu do Vinho de Alcobaça com o objectivo de o elevar a Museu Nacional do Vinho.
Este museu alcobacense foi palco, no dia 25 de Novembro, de um colóquio sobre turismo industrial, onde se realçou o poder alavancador deste subsector.
No dia 25 de Novembro o Museu do Vinho de Alcobaça recebeu um colóquio sobre turismo industrial, onde Paulo Inácio, presidente da Câmara, disse que serão investidos 300 mil euros provenientes de fundos comunitários para requalificar o museu rapidamente.
Alberto Guerreiro, da Comissão Instaladora do Museu, esclareceu que “recuperar a denominação de Museu Nacional é um objectivo inerente à requalificação”.
O investigador fez notar que “este é um dos maiores museus do vinho a nível europeu e mundial” e explicou que o Museu de Alcobaça está a coordenar a rede nacional por aquilo que representa: um edifício ligado à História do vinho com um espólio de 8500 peças móveis que remonta ao século XVII e que é proveniente, não só de Alcobaça, mas também de outras regiões vitivinícolas do país.
Alberto Guerreiro lembrou que a autarquia “já salvou por duas vezes” este espaço museológico e salientou o trabalho da pequena equipa de seis pessoa que trabalha no museu, mas afirmou que são necessários reforços.
Desde a reabertura todos os anos têm sido feitas exposições próprias e foi criado o serviço educativo com diferentes actividades. Além disso, já foram restauradas 80 peças.
Em quatro anos e meio foram desenvolvidos 60 eventos, entre exposições, colóquios, e concertos, entre outras iniciativas.
Em 2016 o Museu do Vinho de Alcobaça alcançou os 8000 visitantes, um aumento de 16% face ao ano anterior. Em 2015 o aumento tinha sido de 33%.
O futuro passa pela manutenção do trabalho desenvolvido e pela investigação, documentação e requalificação. No entanto, Alberto Guerreiro realçou que é necessário que “a relação com o Mosteiro de Alcobaça seja completamente diferente”. Isto porque os visitantes daquele monumento não visitam o resto da cidade. Além disso, não é possível fazer publicidade ao museu no Mosteiro.
“O vinho não é estranho a Alcobaça”
António Maduro, da Comissão Instaladora do Museu do Vinho de Alcobaça, fez notar que “o vinho não é estranho a Alcobaça”, até porque um dos elementos fundamentais para a implantação de mosteiros é a qualidade das terras para a vinha. O precioso líquido tem uma grande importância calórica numa dieta monástica fundamentalmente vegetariana e é ainda usado nas enfermarias dos mosteiros.
A qualidade do vinho em Alcobaça manteve-se ou melhorou durante quase sete séculos porque o saber era transmitido nos mosteiros e porque as ordens religiosas trabalhavam em rede. “Enquanto os monges cá estiveram, não houve doenças nas vinhas, mas a partir daí as sucessivas pragas levaram a que fosse necessário replantar a vinha”, salientou António Maduro.
Foi depois da extinção das ordens religiosas, nesse processo de replantação, que nasceu uma nova adega em Alcobaça: a de José Eduardo Raposo de Magalhães. Era um edifício moderno que exportava para os diferentes continentes e que ganhou vários prémios. “Alcobaça tornou-se pela primeira vez uma terra de vinhas”, notou António Maduro, explicando que deixou de o ser quando as vinhas foram substituídas pelos pomares.
A adega foi adquirida e modernizada em 1948 pela Junta Nacional do Vinho e vinte anos mais tarde, com o encerramento de várias delegações da Junta Nacional do Vinho pelo país, reúnem-se ali os materiais que delas provinham e é criado o museu.
No final do colóquio foi lançada a publicação “Enomemórias. Museologia e Património do Vinho”, do Centro de Estudos de Desenvolvimento Turístico do Instituto Superior da Maia com a colaboração da Rede de Museus Portugueses do Vinho. Foi ainda apresentada a pintura “Baco (tinto)” de Fernando Veríssimo, que foi adquirida para a colecção permanente do Museu do Vinho de Alcobaça.































