“A cerâmica e a relação do homem com a natureza” é como se designa a exposição, inaugurada no sábado, 14 de Julho, no Museu do Hospital e das Caldas. A mostra é constituída por trabalhos desenvolvidos por alunos do Atelier Beco d’Obra, situado no Bairro dos Arneiros, e entre eles há obras que reflectem sobre a cerâmica caldense. Outros decidiram trabalhar a cerâmica sob a perspectiva arqueológica ou decorativa.
Paula Nobre, artista plástica formada na ESAD, é a coordenadora deste atelier, onde lecciona pintura todos os sábados de manhã. As obras que agora se encontram patentes ao público foram feitas no ano lectivo de 2016/17 e incluem trabalhos de alunos que participam nas sessões de trabalho artístico.
Depois de lançado o tema “A cerâmica e a relação do homem com a natureza”, os alunos realizaram um trabalho de grupo que lhes permitiu contactar com as obras de artistas contemporâneos. Neste caso trabalharam um retrato de Craigie Horsfield e uma fotografia de paisagem do brasileiro Sebastião Salgado. Só então partiram para os trabalhos individuais. Após vários exercícios, Paula Nobre pediu a cada um dos autores que fizesse uma memória descritiva sobre o seu trabalho e que falassem sobre o seu projecto artístico.
Homenagear a Terra e a cerâmica
Filomena Lourenço é uma das alunas do Atelier Beco d’Obra. Foi professora de Inglês e há quatro anos deixou o ensino. “Comecei neste atelier do zero e estou a adorar”, disse a formanda, que se dedicou à aguarela, tendo reproduzido pormenores de um jarrão de magnólias de Bordalo Pinheiro.
Por seu lado, Paula Tolentino preferiu dedicar-se aos padrões das tribos africanas, numa homenagem à Terra. “Utilizei o ponto para construir os meus próprios padrões”, disse a professora do 1º ciclo que quis dedicar-se à arte, após se ter reformado. Na sua opinião, este é um passatempo que se está a tornar em algo muito sério.
Alcide Sousa veio de Lisboa morar para o Olho Marinho. Há vários anos que a bancária gosta de frequentar ateliers de arte, algo que passou a fazer quando se reformou. A cerâmica inspirou-a a fazer pinturas, trabalhando com materiais naturais. Quis fazer um trabalho onde reflecte sobre o papel da cerâmica no início dos tempos, tendo posteriormente reproduzido uma peça de cerâmica das Caldas em cortiça.
Arlanda Tolentino optou por trabalhar a cerâmica na sua vertente arqueológica. A engenheira química reproduziu uma peça de cerâmica com base naquelas que surgiam quando fazia recolhas no mar. Quando se reformou, os colegas ofereceram-lhe uma dessas peças que chegam à superfície já muito deformadas mas cheias de vida marítima. Nos seus trabalhos esta peça surge reproduzida com recurso à técnica de impressão.
“A cerâmica e a relação do homem com a natureza” pode ser vista até 15 de Setembro no Museu do Hospital.































