Museu do Ciclismo presta homenagem à “melhor apresentadora de circos do mundo”

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É no cenário de um circo, com imagens de palhaços, trapezistas e outros artistas que os visitantes são recebidos no Museu do Ciclismo, numa exposição de homenagem à artista circense caldense Maria Laura Cartaxo. A inauguração da mostra, no passado dia 1 de Fevereiro, contou com a presença de Luís Cardinali, apresentador e gerente do circo Victor Hugo Cardinali, que aos 15 anos conheceu pessoalmente Laura Andrade, com quem chegou a actuar. “Era uma grande artista e, possivelmente, a melhor apresentadora de circos do mundo, porque tinha um dom da palavra e uma presença excepcional”, disse à Gazeta das Caldas. Laura, nascida a 24 de Julho de 1926, deixou as Caldas da Rainha ainda jovem – aquando de uma passagem do circo Luftman pela Feira do 15 de Agosto – para acompanhar o ilusionista Kyoto, por quem se tinha apaixonado. Foi depois artista e apresentadora em alguns dos circos mais famosos do mundo, como o Americano, o de Moscovo, o Alemão, o de Viena, da Hungria e de Espanha. Faleceu no ano passado em Barcelona, onde vivia. “Lembro-me que era uma apresentadora fora de série e era um prazer ser apresentado por ela”, disse Luís Cardinali, acrescentando que trabalharam juntos no circo Price. Um jornal espanhol da época fala de Laura como uma artista que conhece bem o seu ofício de apresentadora e demonstra-o, acrescentando que sabe apresentar em cinco idiomas. A última vez que Laura e Luís Cardinali acturam juntos foi em Valença (Espanha), numa praça de touros onde o circo se instalava durante a quadra natalícia, recorda o artista, que depois deixou de trabalhar noutros circos para fazer a gerência do circo do pai e, mais tarde, a apresentação dos espectáculos. Luís Cardinali começou a trabalhar no trapézio aos 13 anos, com a irmã, e chegou a estar, durante dois meses, em cartaz no Olympia de Paris. A pesquisa de Mário Lino sobre esta artista deu também origem a uma revista E, como o mundo do circo está também ligado à bicicleta e Mário Lino quer continuar a explorar esta temática. “São várias as áreas em que a bicicleta entra, nomeadamente com os palhaços, equilibristas e acrobatas”, disse o responsável, que pretende mostrar, “acima de tudo, que temos património”. Uma exposição com muita lata Patente no mesmo espaço está também uma exposição da colecção de Mário Lino “Latas embaladas com história”. Esta mostra de latas litografadas, nacionais e estrangeiras, pretende recordar e homenagear artistas e operários das esquecidas artes litográficas. Em exposição estão cerca de 500 exemplares de uma colecção que ronda as 700 latas. Há exemplares de diversos tamanhos e formas e com as mais distintas finalidades, como de embalagem para café, cacau, chá, bolos, bolachas, chocolates, rebuçados ou caramelos. Depois de usadas, muitas delas foram transformadas em “cofres” para guardar notas e cartas de amor, enquanto que outras foram recuperadas por costureiras para arrumar tesouras, dedais e agulhas necessárias à actividade de corte e costura. A colecção é recente e, de acordo com Mário Lino, tudo começou quando comprou uma vitrine para arrumar as cerca de 30 latas que tinha na sua casa do Louriçal. Depois foi procurando mais objectos destes e promete não ficar por aqui. Actualmente possui latas datadas de finais do século XIX até aos nossos dias, entre elas algumas de empresas caldenses que já não existem, como é o caso da JA Mineiro ou a Frias & Gonçalves. “As latas valem pelo conjunto, o difícil é ter uma quantidade de latas em bom estado, como eu tenho”, conta, explicando que mantém as pequenas estão dentro das maiores e todas pinceladas a vaselina líquida. Fátima Ferreira fferreira@gazetadascaldas.pt

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