A inauguração da mostra teve início com uma actuação do Conservatório de Música das Caldas da Rainha, coordenado por Tiago Rosa. Após uma apresentação de instrumentos de sopro, a autora deu algumas explicações sobre estas “Palavras de Barro”, onde nenhuma das peças, tem legendas. “Foi de propósito”, disse, acrescentando que pretende que o público possa fazer a sua leitura, “sem coação da minha parte”.Para Umbelina Barros, cada uma das peças representa “um desabafo, um poema, uma prosa ou uma memória descritiva”, mas prefere que cada visitante faça a sua própria interpretação.
Pelas duas salas de exposições temporárias do museu há peças onde se encontram representadas figuras humanas e figuras geométricas. Nalgumas, as pessoas representadas nas suas obras identificam-se com o universo pessoal da autora.
Esta mostra é comissariada por Álvaro Silva, que tem sido responsável pelas apresentações de Umbelina Barros desde 2011, incluindo das exposições onde a autora integrou o Falo das Caldas e que gerou polémica, quer em Aveiro, quer em Cascais.
Doutorar-se com mestres
Esta exposição individual “é o reflexo de um ano de trabalho e de toda a investigação do meu doutoramento”, disse a autora à Gazeta das Caldas, acrescentando que para o seu estudo contribuíram nomes relevantes do mundo da cerâmica: Herculano Elias, Ferreira da Silva, Velhinho (S. Pedro do Corval) e João Oliveira (Barcelos). São quatro artistas com quem Umbelina Barros tem trabalhado nos últimos quatro anos. Com os dois últimos, aprendeu a explorar a forma pois ambos têm décadas de trabalho em olaria. Com Herculano Elias (miniaturista caldense recentemente falecido), a autora destacou a grande aprendizagem que teve na área da anatomia. Já sobre Ferreira da Silva, Umbelina Barros afirmou que este artista “por detrás daquela loucura que imprime nos seus trabalhos, tem toda uma escola clássica de desenho e de pintura que me foi transmitindo”.
Umbelina Barros fez uma paragem de um ano no seu doutoramento em Educação Artística nas Belas Artes do Porto pois, após a teoria e a pesquisa, “precisava de colocar na prática tudo o que tinha aprendido”. E assim surgem as “Palavras de Barro”, onde a ceramista usou a modelação nas peças onde estão representados corpos humanos ao passo que para criar as figuras geométricas, utilizou a técnica da lastra. Em várias obras, sobretudo naquela que tem um cariz mais tradicional, a autora recorreu à roda. Diz que usa esta técnica tradicional “com muito orgulho” já que se sente herdeira desta tradição e tudo fará para a integrar na contemporaneidade.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt






























