Museu associado à obra de Ferreira da Silva poderá instalar-se junto ao Cencal

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notícias das Caldas
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A Escola-Museu que albergará as obras do autor poderá ser construído em terreno do Cencal. Esta ideia agrada ao autor que está ligado ao centro de formação desde o seu início, nos anos 80.

O Conselho de Administração do Cencal – que reuniu a 9 de Dezembro  – está a analisar a proposta da autarquia de instalar a Casa Museu Ferreira da Silva junto às instalações do centro de formação caldense.
Segundo o ainda director, Octávio Oliveira, este órgão “mostra alguma disponibilidade de princípio para desenvolver as ideias expressas”.
Este responsável acrescentou que haverá sempre necessidade de detalhar algumas situações mas diz que “a porta ficou entreaberta para o desenvolvimento do projecto”.
A Escola Museu Ferreira da Silva implicará uma zona de exposição a criar e esta obriga ao estabelecimento de um programa, segundo o director do Cencal. À componente expositiva poderá unir-se  a espaços de trabalho onde o artista poderia desenvolver os seus projectos.
Nas oficinas do Cencal, onde há equipamentos específicos para o efeito, poderia ser o local onde este artista plástico, desenvolveria preferencialmente a sua produção artística em cerâmica, sem prejuízo para os projectos que realize noutros locais.

A Câmara das Caldas levantou a hipótese da instalação do museu junto ao Cencal na última Assembleia Municipal após terem falhado as anteriores localizações. Na Secla, o banco BCP não está interessado em vender o património e a Bordallo Pinheiro provavelmente quererá regressar com um novo projecto às suas antigas instalações, junto ao Parque D. Carlos I.

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Artista satisfeito com proposta da Câmara

Ferreira da Silva não podia estar mais satisfeito com a possibilidade do seu museu poder aliar-se ao Cencal. “Era bom tentar fazer uma simbiose ou uma conjugação entre esse futuro museu e esta unidade escolar”, disse o artista à Gazeta das Caldas.
O artista plástico está afectivamente ligado ao centro de formação desde o seu início – é autor de toda a decoração exterior do edifício – e, desde os anos 80, que desenvolve projectos no Cencal. Muitas das suas obras de murais e de arte pública, como a da área de serviço de Pombal ou do IPO de Coimbra, foram desenvolvidas no centro de formação caldense.
notícias das Caldas“A minha afeição ao Cencal, à sua história e às pessoas que dele fazem parte, está cada vez mais enraizada”, disse o autor. Segundo Ferreira da Silva, de 83 anos,  há vários anos que o presidente da Câmara Fernando Costa lhe pede que se ache um espaço para a constituição de um museu que possa albergar a sua obra. Primeiros pensou-se na Fábrica Bordalo Pinheiro, local que não agradava ao autor e também na Secla, ideia que não lhe desagradava pois ali laborou vários anos, “mas não foi possível pois os actuais proprietários não quiseram vender”, disse.
De qualquer modo lamenta que não tenha sido possível regressar ao local onde tantos jovens autores,  sob a liderança de Pinto Ribeiro, fizeram no Estúdio Secla “tudo o que era de mais inovador na área da cerâmica a nível técnico e estético”. Recordando, Ferreira da Silva foi um dos autores que fez parte da equipa criativa daquela fábrica, chegando a chefiar a secção de pintura.
Vive nas Caldas desde 1953 e estava a trabalhar em Alcobaça quando foi convidado para a Secla. Lembrou Hansi Stael, a designer húngara que foi directora artística da Secla e ainda recorda os trabalhos que conseguiu operar em grande escala com o rodista Guilherme Barroso, com quem se entendia “na perfeição”.
Antes da Secla ainda passou pela oficina de Afonso Angélico que tal como a maioria das pequenas oficinas, usava fornos a lenha.
Ferreira da Silva é um amante da luz desta região e não se cansa de referir que esta é motivo inspirador para criar. Não se considera artista de museu, logo o conceito que for definido para albergar a sua obra terá que ter uma componente prática.
O artista prefere até a designação Escola Museu e quer que este tenha uma área de oficina onde se possam realizar workshops com jovens artista ou com mestres como Querubim Lapa. “Gostava muito que ele cá viesse trabalhar comigo”, disse.
Esta Escola Museu deverá incluir uma área de exposição, e a colecção terá reservas para fazer itinerâncias. Deverá ter obras deste artista das áreas de desenho, pintura, gravura e de outras obras onde trabalha outras tecnologias como o vidro e o aço.
Todo o projecto, diz, “vai depender dos meios económicos que for possível obter”.

“Só quero trabalhar!”

Ferreira da Silva espera ter saúde que lhe permita ver nascer este importante projecto que vai albergar parte da sua obra pois na verdade “eu só quero trabalhar!”. E quem o conhece sabe que este activo e multifacetado artista não consegue esperar e está sempre a trabalhar em novos projectos. Diz que o seu braço direito no Cencal é António Anunciação, que é “um modelador de gesso extraordinário”.
Este artista gostaria que o museu pudesse instalar-se numa peça arquitectónica plana, que teria um pilar de suporte para lhe dar sustentabilidade. “Em volta teria relva e um ou dois lagos onde já estou a pensar que vão ter intervenções”.
Ferreira da Silva não deixou cair a ideia do eco-museu, perto da Lagoa. “Talvez construindo nas proximidades uma peça arquitectónica de grande beleza e de grande concepção”, disse este autor que gostaria de ali colocar “algo altamente futurista”.

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