Ministro da Cultura oferece-se para declamar Ruy Belo no Folio

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DSC_0234Sob o chapéu da Utopia, no ano em que se celebram 500 anos do livro de Thomas More, artistas das mais diversas áreas vão reunir-se em Óbidos entre 22 de Setembro e 2 de Outubro, fazendo da vila a capital da literatura. A apresentação do Fólio – Festival Literário Internacional de Óbidos decorreu em Lisboa, na livraria Ler Devagar, a 22 de Março, e contou com a presença do ministro da Cultura, João Soares.

João Soares ofereceu-se para dizer um ou dois poemas de Ruy Belo em homenagem à mãe, Maria Barroso, que era amiga do poeta e muitas vezes declamou a sua poesia. A sugestão foi feita durante a apresentação da edição deste ano e depois da curadora da Folia (uma das cinco áreas em que se divide o festival, a par do Fólio Autores, Educa, Ilustra e Mais), Anabela Mota Ribeiro, ter anunciado que haverá um dia dedicado ao poeta e ensaísta português nascido em 1933 na freguesia de São João da Ribeira (Rio Maior). A celebração contempla a exibição de um documentário, uma exposição de fotografia do seu filho, Duarte Belo, e a leitura de poemas por Luís Miguel Sintra, Rui Horta, Beatriz Batarda, e provavelmente o ministro da Cultura, João Soares.
O governante disse estar “deslumbrado” com a segunda edição do festival literário e considera que o tema Utopia foi “muito bem escolhido”. Maçon e fã confesso do escritor Thomas More, João Soares contou que escolheu como nome simbólico na maçonaria o de Thomas More por paixão pelo livro e pelos ideais que representa.
O ministro da Cultura esteve, por duas vezes, na vila durante a primeira edição do Folio e diz ter ficado “encantado” com o que viu. “Óbidos marcou um caminho de extrema qualidade que tem que ser agradecido pelo governo”, referiu.
Tal como no ano passado, o festival deverá receber este ano 50 autores portugueses e estrangeiros, entre eles o nobel da literatura em 2001, V.S. Naipaul, que virá pela primeira vez a um festival literário em Portugal. De acordo com o curador do Folio Autores, José Eduardo Agualusa, este ano haverá mais autores estrangeiros e nenhum dos nomes será repetido da edição anterior. Também a tenda que irá acolher os autores para as várias mesas estará “mais acolhedora”, garantiu.
No capítulo da Folia as artes plásticas ganham “novo fôlego” com Júlio Pomar a mostrar os Quixotes que pintou ao longo de 50 anos, uma exposição de retratos de escritores, da autoria de Carlos Freire, uma instalação de Rui Horta em torno da ideia Utopia, cinema, aulas e leituras encenadas. Numa parceria com o Museu Nacional de Arte Antiga, será apresentada uma reprodução em tamanho real de “As tentações de Santo Antão”, para assinalar os 500 anos da morte de Bosch.
O Fólio Educa integrará um laboratório de formação, a decorrer entre Maio e Outubro e que culminará com um seminário internacional. Haverá também oficinas de mediação e tertúlias nas várias livrarias de Óbidos.
Outro dos capítulos do festival é a ilustração, que reúne os mais prestigiados criadores nacionais e internacionais, como é o caso de André da Loba, Catarina Sobral, Chené Gomez e Raúl Guridi. Este ano a novidade vai para um concurso internacional de ilustração e edição.
Mas há mais: lançamentos, encontros com os editores livreiros, mais livrarias, conversas de bolso e a Casa dos Bons Malandros volta a abrir as portas para conversas fora de horas.
Com um investimento na ordem de meio milhão de euros, assegurado pelo Turismo do Centro (85% comparticipado por fundos comunitários), o Fólio é visto pelo presidente desta entidade, Pedro Machado, como um “factor extraordinário” para fixar as pessoas durante mais tempo e de coesão do território. “Temos 2,4 milhões de pessoas na região Centro e o Fólio está já a ajudar a ancorar uma nova relação ao nível do turismo cultural”, dando como exemplo as regiões do norte de Espanha, como Galiza e Castela Leão. Esta última Junta está particularmente interessada em conhecer Portugal e em desenvolver projectos comuns na área da cultura.
Pedro Machado destacou ainda que este evento cultural tem ajudado à criação de novos negócios, sobretudo a nível hoteleiro. Já antes, o presidente da Câmara, Humberto Marques tinha referido que a aposta na cultura, aliada à distinção de Vila Literária pela Unesco, levou a um aumento da procura de espaços nos edifícios centrais do Parque Tecnológico, que neste momento estão quase todos ocupados.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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Historiador britânico apresenta livro 

A programação cultural da vila não se confina ao Fólio. Um dos pontos altos será já no próximo dia 9 de Abril, com a presença do historiador britânico Roger Crowley que, pelas 19h00, irá apresentar a sua mais recente obra “Conquistadores – Como Portugal Criou o Primeiro Império Global”, na Livraria da Adega.
O “autor best seller do New York Times” é especializado na história do mediterrâneo. F.F.

 

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