Ministra da Cultura do Brasil quer exposição de Bordalo Pinheiro no Mundial de Futebol de 2014

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A visita da ministra da Cultura do Brasil, Marta Suplicy, às Faianças Artísticas Bordallo Pinheiro no passado domingo, 18 de Novembro, não poderia ter corrido melhor, com a governante a sugerir a realização de exposições do artista no seu país durante a Copa das Confederações da Fifa (2013) e no Mundial de Futebol (2014).
“Eu penso que o trabalho dele é tão rico, que ele deveria ter uma presença mais forte no Brasil”, referiu a ministra aos jornalistas locais que acompanharam a sua visita nas Caldas. A primeira grande exposição do artista português deverá ser no encerramento da Copa das Confederações.
A ministra brasileira esteve em Portugal para inaugurar o Espaço Brasil, na LX Factory (Alcântara), que pretende ser o centro cultural do Brasil contemporâneo em Lisboa. Este espaço irá ter uma programação baseada em várias áreas da criação artística e também irá promover a gastronomia brasileira.
Numa conferência de imprensa em Lisboa, segundo a agência Lusa, a ministra disse que chegou o momento de o Brasil se aproximar dos portugueses, não só culturalmente, mas também nos campos empresarial e tecnológico, sobretudo pelo momento de crise económica que Portugal atravessa.
Marta Suplicy deslocou-se às Caldas da Rainha para conhecer em primeira mão os primeiros protótipos do projecto de internacionalização da marca de faianças portuguesa para o mercado brasileiro – Bordallianos do Brasil.
No âmbito deste projecto, foram convidados 19 artistas plásticos brasileiros, considerados como os melhores da actualidade, para reinterpretarem o legado do fundador Rafael Bordalo Pinheiro.
A iniciativa, que pretendeu ser um diálogo luso-brasileiro, conta com o contributo de artistas plásticos de diversas áreas, desde a pintura à escultura, passando pelo estilismo e moda.
Cada um esteve durante 10 dias na fábrica, em residência artística, e criou novas propostas artísticas.
A partir das obras criadas, que a ministra pôde conhecer em primeira mão, será feita uma edição limitada de 250 exemplares. Destes, 125 exemplares são destinados ao mercado português e as outras 125 peças serão comercializadas no Brasil.
As peças serão lançadas em Abril de 2013 em duas exposições em Lisboa e em São Paulo (Brasil). Está ainda prevista a itinerância da exposição por várias cidades brasileiras, como Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, entre outras.
Segundo Elsa Rebelo, directora artística das faianças, estão agora a ser produzidos os primeiros exemplares. Nesta altura ainda não foi permitido aos jornalistas fotografarem as peças, que só poderão ser conhecidas no seu lançamento.
É possível adiantar, no entanto, que foram criadas algumas peças bastante criativas, mas que se basearam muito no trabalho de Rafael Bordalo Pinheiro. “O conceito era mesmo aproveitar os moldes originais de Bordalo Pinheiro. Depois o artista fez a sua intervenção numa peça original. É um diálogo entre Bordalo e os artistas brasileiros”, explicou Elsa Rebelo.
Rafael Bordalo Pinheiro teve uma forte relação com o Brasil, país onde viveu vários anos, antes de criar as Faianças Bordallo Pinheiro, e onde fundou diversos projectos jornalísticos e culturais.
Em 1899, Bordalo Pinheiro ofereceu à Presidência da República do Brasil a famosa Jarra Beethoven, com os seus imponentes 2,60 metros de altura.
A peça está actualmente exposta no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
No final da visita às Caldas, Marta Suplicy não poupou elogios ao trabalho de Bordalo Pinheiro, que pôde conhecer ao pormenor na Casa Museu São Rafael.

“É tudo muito bonito e forte, mas também é impressionante por ser tão moderno”

A governante gostou particularmente dos pratos de parede ornamentados com motivos de caça e dos azulejos de baixos relevos. Por esse motivo, foi-lhe oferecido um prato com motivos de caça.
“É tudo muito bonito e forte, mas também é impressionante por ser tão moderno”, comentou aos jornalistas, deixando até a possibilidade do governo brasileiro poder a vir encomendar algumas peças.
“É muito importante, para nós brasileiros, termos acesso a esta enorme criatividade de um grande criador português, que ‘teve um pé’ no Brasil”, referiu.
A ministra também elogiou a iniciativa da Visabeira, proprietária das faianças, de trazer às Caldas os artistas brasileiros, permitindo-lhes integrar um “processo tão antigo e de qualidade excepcional de criação”.
Antes de se despedir dos responsáveis das faianças, Marta Suplicy acabaria por sugerir um trabalho intenso de colaboração entre os dois países para a promoção de Rafael Bordalo Pinheiro.
Em relação ao trabalho de colaboração com os artistas brasileiros, considera que esta pode ser uma forma de fortalecer a exportação da cerâmica caldense para o Brasil. “O ímpeto criado por esta nova gerência  das faianças, pode impulsionar as exportações para o Brasil, numa altura em que estamos com um poder aquisitivo maior”, afirmou.

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Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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