
Câmara de Peniche foi confrontada com pedido da Direcção Geral do Património Cultural para retirar a escultura de José Aurélio dedicada ao 25 de Abril e aos presos políticos porque esta ocupa um sítio de passagem da fortaleza. O autor diz que foi o último a saber e promete “espernear e esbracejar” para se opôr à decisão.
“Fui o último a saber. Não houve ninguém que tivesse o bom senso de falar comigo”. Foi assim que o escultor José Aurélio reagiu ao contacto da Gazeta das Caldas para comentar o pedido da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) à Câmara de Peniche para retirar a sua escultura de homenagem aos presos políticos da fortaleza onde se está a instalar o futuro Museu da Resistência.
“Irei espernear e esbracejar contra essa decisão, embora reconheça que as condições me são perfeitamente adversas”, disse o escultor. “É uma peça ao 25 de Abril e está a ser censurada por alguém que não dá a cara porque é uma comissão que ninguém sabe quem é que está a querer retirar a obra”.
O trabalho de José Aurélio – inaugurado em Setembro de 2017 – é composto por uma estrutura de nove metros de altura que assenta num cubo feito com três toneladas de vigas de ferro. Do cubo que tem um pequeno lago em baixo, emanam 25 varões em aço inox encimados por asas que simbolizam o 25 de Abril, a data que permitiu a libertação dos presos políticos.
O presidente da Câmara de Peniche, Henrique Bertino, disse à Gazeta das Caldas que foi confrontado com o pedido da DGCP para retirar a escultura porque esta ficava num sítio de passagem dos visitantes. Aquela entidade não indicava nenhuma solução para recolocar a obra de arte.
O autarca levou o assunto à reunião de câmara da passada segunda-feira, 25 de Março, mas não foi tomada nenhuma decisão, devendo o assunto voltar a ser discutido brevemente.
José Aurélio admite que a escultura possa ser recolocada noutro sítio, mas diz que não faz muito sentido porque a obra foi concebida precisamente para figurar no local que foi uma prisão política. “Ela é um complemento ao museu”, diz. E há outra razão: “o que nós vemos da peça é só uma décima parte do que ela é porque tem por baixo, enterrada, um sistema de bombagem, de canalizações e electricidade, que torna muito onerosa a sua desmontagem”.
Gazeta das Caldas pediu esclarecimentos à DGPC, um organismo que é tutelado pelo Ministério da Cultura, mas não obteve resposta.






























