Mais de mil pessoas no encerramento do Cistermúsica

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O espectáculo de encerramento, com a Orquestra Filarmónica Portuguesa na escadaria do Mosteiro de Alcobaça, atraiu perto de mil pessoas | Isaque Vicente

No ano em que comemorou o 25º aniversário, o festival Cistermúsica apresentou 25 concertos, um espectáculo de dança, um filme mudo musicado ao vivo e uma tertúlia. Foram mais de 6000 espectadores, naquela que foi a edição mais participada de sempre. O festival estendeu-se por 20 espaços em Alcobaça, Marinha Grande e Évora.

 

 

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A interpretar a Sinfonia nº2 de Rakhmaninov e o Quebra-Nozes de Tchaikovski, os 65 músicos da Orquestra Filarmónica Portuguesa, sob a batuta do maestro Osvaldo Ferreira, encerraram a edição que comemorava um quarto de século do Cistermúsica. Em frente ao iluminado Mosteiro, na noite de 30 de Julho, os mais de 900 lugares não chegaram para todos e houve muita gente a assistir ao concerto de pé e nas esplanadas.
Durante um mês, mais de 6000 pessoas passaram pelo festival, que apresentou 25 concertos, um espectáculo de dança, um filme mudo musicado ao vivo e uma mesa redonda sobre a relação entre o romance de D. Pedro e D. Inês com as artes de palco.
Entre os concertos destacou-se a estreia moderna da primeira ópera dedicada ao mais famoso romance português. “Inês de Castro”, de Giuseppe Giordani (escrita em 1793) foi interpretada, dois séculos depois, por seis cantores portugueses, pelo coro do Teatro Nacional de São Carlos e a Orquestra Sinfónica Portuguesa, no cine-teatro de Alcobaça. Também a abertura (com a Banda Sinfónica de Alcobaça na Escadaria do Mosteiro) e o encerramento foram momentos altos, tal como o recital de harpa e a estreia de uma obra do maestro António Vitorino de Almeida que foi encomendada pelo festival e interpretada pela pianista russa Irina Chistiakova.
Os espectáculos realizaram-se em 20 espaços diferentes, dos quais 14 em Alcobaça (oito no Mosteiro, na Adega Cooperativa, no Cine-teatro, Museu do Vinho, Parque dos Monges, Escola Secundária Inês de Castro e Esplanada do Ala Sul Café). Além disso, houve música na Benedita (Centro Cultural Gonçalves Sapinho), Pataias (Sociedade Filarmónica e Recreativa), Coz (Convento), São Martinho do Porto (Igreja Matriz), Marinha Grande (Casa da Cultura) e Évora (Mosteiro de São Bento de Cástris).
A organização do festival custou 200 mil euros, dos quais 150 mil foram atribuídos pela Direcção-Geral das Artes e Câmara de Alcobaça. Este ano o Cistermúsica recebeu um financiamento extra de 40 mil euros de fundos comunitários, fruto de uma candidatura para valorização do património da humanidade. Esse valor permitiu realizar os quatro espectáculos na escadaria do Mosteiro.
A bilheteira cobre uma percentagem residual dos custos que este ano, segundo Rui Morais, director do festival, “ainda é mais residual”, visto que houve muitos espectáculos de entrada gratuita. “Este tipo de festival, que não é de massas como os de rock, não consegue fazer da bilheteira e de mecenas privados a sua principal fonte de financiamento”, pelo que precisa de apoios.
Em 25 anos o Cistermúsica estendeu-se pelo concelho de Alcobaça e vizinhos (Nazaré e Marinha Grande), mas foi mais longe e criou uma Rota de Cister, promovendo concertos noutros espaços da ordem cisterciense. Penacova, Arouca, Lisboa e Évora, são disso exemplo.
Este ano o festival recebeu o selo EFFE (Europe for Festivals, Festivals for Europe), que se irá manter na próxima edição.
Alexandre Delgado, director artístico do festival, afirmou à Gazeta das Caldas que “em termos de reacção das pessoas, esta foi a edição mais calorosa”.
Para o futuro, o maior desafio é a candidatura ao próximo plano plurianual da DGArtes. “Esperamos que o poder político continue a apoiar o festival, porque de facto, sem dinheiro estas iniciativas não podem continuar”, realçou.

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