
Historiadora diz que o médico criou entidades e práticas que foram transpostas para outras localidades.
O médico Fernando Correia (1893-1966), caldense por adoção, teve um papel pioneiro no que diz respeito à criação de entidades ligadas à saúde nas Caldas da Rainha, algumas das quais foram depois replicadas noutras localidades.
Esta foi uma das ideias que foi expressa pela historiadora Joana Beato Ribeiro, que pertence ao PH e que está a realizar o seu doutoramento sobre o médico.
Na conferência “A obra de um assistente da Rainha D. Leonor – Uma época de ouro”, que decorreu a 19 de novembro na Biblioteca, foi dado a conhecer que Fernando Correia foi o fundador do Laboratório Municipal, do Lactário-Creche Rainha D. Leonor e também da Misericórdia local.
“Enquanto médico e sub-delegado de saúde também fazia as campanhas de vacinação nas freguesias”, contou Joana Beato Ribeiro, afirmando que algumas práticas e entidades acabaram por ser replicadas no resto do país.
Entre outras obras, o médico foi autor do artigo “Breviário de Higiene Moral”, que foi distribuído por várias entidades, nomeadamente muitos reformatórios. Ou seja, havia divulgação do seu trabalho em todo o país. Fernando Correia foi ainda autor da peça “Leonor de Lencastre tragédia de uma grande alma”, publicada em 1932. A peça tem cinco atos e num deles aborda-se a morte do filho da monarca, em 1491, em Santarém. D. Leonor estaria nas Caldas quando foi informada sobre a trágica morte de D Afonso. Fernando Correia deu largas à imaginação ao ter criado esta peça de teatro, tendo-se aproximado dos momentos mais difíceis da vida da monarca.
O médico “foi um dos principais teóricos de D. Leonor durante o Estado Novo”, referiu a investigadora, que começará a dedicar-se à escrita do seu doutoramento sobre este médico a partir do próximo ano. Joana Beato Ribeiro tem-se dedicado à investigação sobre Fernando Correia e lamenta que o seu percurso, tal como se outras personalidades seja “esquecido e pouco estudado por estarem associados ao Estado Novo”. O clínico tinha vários interesses, algo que é possível estudar através do seu arquivo, que se encontra à guarda do PH.
Ultimamente a historiadora tem-se dedicado a estudar a correspondência – mais de nove mil missivas – que o médico manteve com pessoas, a nível nacional e internacional.






























