A sétima arte une dois Mários: o Augusto que tem um programa na televisão sobre cinema há 20 anos e o Lino, responsável pelo museu que acolhe a sua coleção cinematográfica
“Como se fosse um romance”, o último livro sobre cinema de Mário Augusto, foi apresentado nas Caldas da Rainha, a 25 de maio, no Museu do Ciclismo.
A obra, lançada há seis meses, conta muitas histórias ligadas a Hollywood, que foram partilhadas perante sala cheia naquele espaço museológico caldense.
Mário Augusto deu a conhecer alguns meandros do mercado da edição em Portugal, onde há a ideia de que os livros sobre cinema “não se vendem”, referiu o convidado, que teve de insistir com a editora, a Bertrand, para conseguir publicar. Conseguiu-o, explicando que gostaria de contar histórias sobre o cinema, “como se fosse um romance”. A ideia foi aceite e “tem sido um êxito editorial”, referiu o autor, jornalista e apresentador do programa de cinema “Janela Indiscreta” (RTP), que faz há mais de duas décadas.
Nesta obra conta, por exemplo, a curiosa história de um português ligado à fundação de Los Angeles e que tem Hollywood como um dos seus distritos. “Antes era apenas um descampado… Similar aos que encontramos quando vamos para o Algarve pela A2… Era assim Hollywood até 1910”, referiu Mário Augusto, relembrando que o primeiro fazendeiro que lá chegou, em 1813, era natural de Vila Nova de Cerveira e ficou com uma quinta que ninguém queria, porque tinha um lago preto. Chamavam-lhe, por isso, a Quinta do Alcatrão, antes de perceber que era crude. O proprietário dessa quinta, que construiu uma casa em adobe era José António da Rocha que, aos 18 anos, fugiu às invasões francesas para os Estados Unidos. Hoje, a quinta mantém a casa conservada e ele ofereceu-a para ser a primeira Câmara Municipal de Los Angeles. Mais tarde, a casa foi esquadra da localidade.
“Em Portugal não sabemos nada desta história, mas a Biblioteca Pública de Los Angeles guarda toda a documentação sobre este português!”, referiu Mário Augusto.
Outra das histórias refere-se ao cinema mudo. Em 1923, os irmãos portugueses Helena e Tony D’Algy cruzaram o Atlântico e tiveram carreira em Los Angeles, tendo contratos com grandes empresas cinematográficas. “Ela contracenou em três filmes com Rodolfo Valentino”, referiu o autor, dando a conhecer que os irmãos regressaram à Europa, em 1927, e Helena D’Algy deixou o cinema. O irmão Tony ainda participou em vários filmes portugueses.
Mário Augusto vai lançar esta semana “Mandem Saudades”, uma investigação que fez sobre a presença da comunidade portuguesa o Havai. “Dez por cento da população do Havai é descendente direta de portugueses, que deixaram para trás as ilhas, Trás os Montes e o Alentejo”, disse o cinéfilo, que entrevistou alguns destes havaianos que, mais tarde, regressaram às aldeias dos pais. Fez também um documentário sobre o tema e agora lança o livro através da Fundação Francisco Manuel dos Santos. ■































