Mais de 30 artistas contemporâneos mostram trabalho em Óbidos

0
634

notícias das CaldasA arte contemporânea já “mora” em Óbidos. A quarta edição do Junho das Artes começou a 9 de Junho e prolonga-se até dia 26, com uma série de intervenções distribuídas pelos locais expositivos e espaço público da vila.
O objectivo passa por aproximar a arte dos cidadãos  e, além da exposição de obras de nomes consagrados, promover o aparecimento de jovens artistas e proporcionar aos criadores a possibilidade de mostrar o seu trabalho e talento.
Fronteiras dá mote ao evento, que tem como comissária convidada a curadora e professora universitária Carolina Rito.

Tendo por tema de trabalho a Fronteira, Carolina Rito olhou para a muralha que envolve a vila e abordou as ideias que ela amplifica. Em primeiro lugar, a data da sua construção que, segundo a comissária convidada desta edição, não se situa na Idade Média, mas é uma “uma construção especulativa do Estado Novo e da sua campanha de reforçar a identidade portuguesa”.
E foi o perceber  como é que se constrói memória e um facto que Carolina Rito inseriu no seu primeiro ciclo de programação para o evento. Nele trabalha com artistas que já têm obra produzida, como é o caso de Filipa César, Pedro Neves Marques e Manuel Santos Maia, cujos trabalhos estão expostos nas galerias novaOgiva e Casa do Pelourinho.
O segundo ciclo de programação pretende criar um diálogo entre o que acontece dentro e fora de muralhas. Foram convidados oito artistas para fazer trabalho para este projecto em particular e que estiveram algum tempo em residência. Actualmente os seus projectos estão quase todos em espaço público e pretendem comunicar com as pessoas que afluem à vila e que, se calhar, não têm uma intenção de visitar um espaço de arte contemporânea.
Entre os diversos trabalhos, existe o de Tiago Baptista, que faz pintura inspirada no concelho de Óbidos e que a multiplica em postais ilustrados, depois distribuídos pelos cafés, posto turismo e espaços expositivos. Já Henrique Neves apropria-se das listas que contornam as janelas e portas e vai criar composições abstractas, na senda do foi feito nos anos 60 nos Estados Unidos. “A ideia é partir das referências que achamos que são identitárias e transformá-las em algo abstracto”, explica Carolina Rito.
Um terceiro ciclo tem por intenção esbater fronteiras, tendo, para isso, a comissária convidado duas associações sem fins lucrativos, mas com um papel importante e activo nas cidades onde estão sediadas – o Museu Bernardo nas Caldas e a a9))) em Leiria – para fazer programação neste evento.
A programação do Museu Bernardo pode ser vista no Centro de Design de Interiores (CDI). Na inauguração do evento, Pedro Bernardo disse que estão sediados nas Caldas mas que não sentem o sentido de fronteira e, por isso, estão a expor no concelho vizinho. Convidou os artistas a trazer a lagoa até Óbidos e a resposta surgiu com fotografia de Valter Vinagre sobre o culto da Santa da Ladeira, e outros trabalhos de criadores feitos propositadamente para a exposição.
No último piso da Casa do Pelourinho está o que a comissária apelidou de “plataforma dialógica”, um espaço de arte processual onde se encontram artistas em residência e onde não é possível ver o trabalho finalizado.
Carolina Rito já conhecia o evento e disse tratar-se de um desafio estar a comissariá-lo. “Foi bastante trabalhoso e acho que o resultado é bastante positivo”, disse.
Para o presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, eventos como o Junho das Artes fazem todo o sentido numa vila que é tradicionalmente conhecida como uma jóia do país. O autarca recusa essa ideia redutora e quer que Óbidos seja também conhecida por ser uma “espécie de efervescência contemporânea”.
Telmo Faria salientou ainda que as restrições financeiras levam a que tenham que ser mais criativos e deixou uma palavra de reconhecimento à organização que conseguiu colocar o projecto de pé.

- publicidade -

 

- publicidade -