
“Lúmen” foi um espectáculo de marionetas que levou milhares de pessoas a Alcobaça nos três dias em que esteve em exibição. Isto aconteceu porque Lúmen não é um espectáculo de marionetas convencional, mas sim uma história de amor entre dois bonecos com cinco metros, iluminados, que, em frente ao Mosteiro, dançam num jogo de luzes em que a ausência da palavra é colmatada pelo som e pela música.
Em frente aos Paços do Concelho, perto das 21h30, centenas de pessoas aguardam o início do espectáculo. De repente ouve-se música e as oito marionetas manobradas cada uma por uma pessoa, iluminam-se.
Em marcha, em duas colunas de quatro, arrancam em direcção ao Mosteiro, sempre ao som da música que saía das colunas montadas numa pouco convencional bicicleta mascarada.
As centenas de pessoas seguem as marionetas numa autêntica procissão que, quando chega ao Mosteiro, se depara com milhares de pessoas para assistir ao espectáculo.
Cada uma das oito marionetas deposita uma luz junto a uma das marionetas gigantes que, num segundo, ganha luz e se levanta. Quando se levanta a boneca parece que canta e dança em frente ao Mosteiro, até encontrar o seu amor.
Os encontros e desencontros entre as duas marionetas gigantes, numa dança em frente ao Mosteiro de Alcobaça, remetem para uma história de amor universal, que termina com um apaixonado beijo e os dois personagens a cantar.
O jogo de luzes e sombras e a ausência da palavra, colmatada pelo som e música sem letra, mas que “fala”, ajudam a contar a história. A peça socorre-se ainda de videomapping e até de um drone que leva a luz ao castelo de onde é largado o fogo de artifício.
As marionetas foram fabricadas pela própria companhia e são feitas em termoplástico (worbla) e alumínio, para combinarem leveza com resistência.
Mais de uma centena de pessoas, de várias colectividades do concelho, tanto culturais, como musicais, recreativas e desportivas, participaram neste espectáculo.
O cenário repetiu-se durante os três dias, sendo que na quinta-feira o espectáculo terminou ao som de “Ave Maria”, cantado por Luís Peças e João Paulo Peças em frente ao Mosteiro. Já no sábado, José Gil, director artístico da companhia de teatro SA Marionetas, que organizou o evento, encerrou o festival com um pequeno agradecimento à plateia.
À Gazeta das Caldas José Gil disse que em 2018 “Lúmen” vai entrar em digressão nacional e internacional. “Gostava de agradecer a todos os que vieram e aos que trabalharam connosco”, realçou, concluindo que “foi uma aposta ganha” porque se “juntaram milhares e milhares de pessoas a ver um espectáculo de marionetas”.
Sobre a dificuldade de contar uma história sem palavras, fez notar que este é um espectáculo muito sensorial que trata emoções, pelo que procuraram criar “movimentos simples que dessem a perceber que é uma história de amor entre dois seres”.
A peça custou cerca de 75 mil euros, tendo um apoio comunitário de 85%, através de uma candidatura do Turismo do Centro para promoção de espectáculos nos lugares classificados como património mundial.
“Lúmen” festejou os 20 anos da companhia que, com as suas produções, tem ganho prémios em Portugal e no estrangeiro. Todos os anos a SA Marionetas realiza um festival que leva a sua arte às ruas e espaços culturais de Alcobaça, que se chama “Marionetas na Cidade”.
“Tudo o que fazem é em grande”
Pedro Azevedo veio de Alpedriz com a mulher e os dois filhos, de sete e cinco anos. “Foi uma peça fora do comum”, afirmou, elogiando a música, a envolvência e “toda a peça, do princípio ao fim, com um carácter diferente que achou que cativou o público”.
A terminar salientou a importância deste tipo de iniciativas na dinamização de cidades pequenas e na fixação de pessoas no território.
A esposa de Pedro Azevedo, Sandra Moniz, tem acompanhado o trabalho da SA Marionetas e desfez-se em elogios: “são excepcionais, tudo o que fazem é em grande”.
Também Carlos Mendonça, que vive em Alcobaça, gostou do espectáculo e elogiou a aposta que foi feita. “Para mim não é novo, porque vi outra companhia em Lisboa, mas é interessante”, contou.
No entanto, deixou um reparo, não à organização, mas ao público, que em certos momentos “estava a ocupar o espaço cénico”.






























