Livro sobre cerâmica de autor destaca produção caldense

0
699

Na obra “À Roda – Cerâmica de Autor em Portugal no Século XX”, apresentada recentemente, Pedro Moura Carvalho dedica várias páginas à cerâmica caldense, antiga e contemporânea

Pedro Moura Carvalho lançou recentemente o livro “À Roda – Cerâmica de Autor em Portugal no Século XX” e nele há várias referências à cerâmica caldense.
Esta obra, que se dedica sobretudo à cerâmica de autor, tem 320 páginas e é ilustrada por 300 obras de mais de uma centena de artistas. O autor é também docente, colecionador de cerâmica e escreve livros. Também já passou por vários museus de arte islâmica e asiática. Este livro, que reúne várias anos de investigação, é feito o levamentamento da cerâmica de autor em Portugal, num período entre 1895 e 2005.

Peças de autor por conhecer
Na opinião deste especialista, em Portugal liga-se “muito à louça das Caldas, ao artesanato português e à azulejaria”.
No entanto, no que diz respeito à cerâmica de autor, feita por artistas plásticos ou ceramistas, “esta tem sido muito maltratada e pouco estudada”, afirmou Pedro Moura Carvalho à Gazeta das Caldas, revelando que encontrou bastantes obstáculos durante a investigação, pois “há falta de fontes em relação a alguns períodos”.
Nesta obra, apelida as Caldas como o primeiro centro de cerâmica artística e dedica algumas páginas não só a Manuel Mafra, como a Bordalo Pinheiro, ao segundo visconde de Sacavém, Joseph Fuller, ao “continuador” Gustavo Bordalo Pinheiro e também a Costa Mota Sobrinho.
São igualmente feitas referências a Irene e Maria Leonor Natividade, na Olaria de Alcobaça, e ao estúdio-escola de João e Maria Luísa Fragoso.
No que diz respeito às fábricas -referência ligadas à cerâmica de autor é dedicado um capítulo à Secla, à diretora artística Hansi Stael, e ao “brilhante e nada convencional” Luís Ferreira da Silva. Pedro Moura Carvalho conhece o percurso deste artista e começou a colecionar peças suas quanfo tinha 18 anos. “Foi a partir dessa primeira aquisição que comecei a inventariar as minhas obras”, salientou Pedro Moura Carvalho, que conhece o início do seu percurso artístico de Ferreira da Silva em Coimbra e as suas passagens pelas fábricas do Bombarral e de Alcobaça.
O investigador considera que urge realizar uma grande mostra retrospetiva deste artista que, por ter escolhido ficar pelo Oeste, “só agora começa a ser conhecido nos grandes centros”.
No entanto, Ferreira da Silva “fez uma das primeiras exposições da Galeria 111… Só que depois foi perdendo o interesse por essas grandes exposições”, lembrou.
Na sua opinião, a própria Câmara Municipal das Caldas da Rainha poderia “tomar em mãos a realização de uma grande mostra que, depois, será mais fácil de apresentar em Lisboa e no Porto”.
Defensor da cerâmica de autor, afirma que é com grande supresa que vê aparecer cerâmica nas coleções nacionais, como é o caso da mostra recém-inaugurada no Museu do Chiado designada “Não sei se posso desejar-lhe um feliz ano”, que reúne obras da coleção de MárioTeixeira da Silva “onde há duas peças de cerâmica da autoria de António Pedro”.
Pedro Moura Carvalho espera, ainda, que este novo livro “possa estimular novos estudos relacionados com a cerâmica de autor pois há ainda muito para descobrir” e destaca alguns artistas que ainda entrevistou para esta obra. Conta, por exemplo, que Júlio Pomar, um dos autores que trabalhou no Estúdio Secla, nunca teve problemas em admitir que fez cerâmica e que partilhou com ele que eram peças que eram mais fáceis de vender do que as suas pinturas…
O livro “À Roda – Cerâmica de Autor em Portugal no Século XX” é editado pela Arnoldche, uma editora internacional que se ocupa de obras relacionadas com artes aplicadas e que aceitou publicar esta obra de Pedro Moura Carvalho, que está disponível para venda online.
“Sou um grande fã das Caldas da Rainha”, disse o investigador que conhece várias coleções, colecionadores e investigadores locais. Na sua opinião, as Caldas possui “o parque urbano mais bonito do país”. Pedro Moura Carvalho salientou também a Praça da Fruta e os museus caldenses.
E lamenta o estado em que se encontra o Museu de Cerâmica, cujos edifícios “estão a precisar de obras de manutenção”, rematou. ■

- publicidade -