
Abel Soares Rosa e Santa-Bárbara estiveram nas Caldas, a 15 de dezembro, para apresentar a nova obra
O Café Central acolheu, durante o serão da passada sexta-feira, a apresentação do livro “Santa-Bárbara, Capista de Zeca” de Abel Soares Rosa. Autor e retratado estiveram presentes e autografaram os vários exemplares nesta sessão, organizada pelo núcleo caldense da Associação José Afonso (AJA).
“Este é um livro que resultou de uma exposição ou vice-versa”, disse o autor Abel Rosa, acrescentando que o design gráfico desta obra é de João Morais, que é o músico O Gajo e que se dedica à viola campaniça. A exposição das capas feitas por Santa Bárbara para Zeca Afonso esteve no CCC em abril e nessa altura ficou assente que iria originar este livro, A mostra e o livro foram também apresentados em Lisboa e contaram com a colaboração do filho do “capista”, José Pedro.

O livro foi lançado a 17 de novembro na capital e desde logo ficou combinado que haveria apresentação nas Caldas, cidade onde Santa Bárbara viveu e trabalhou. Não só leccionou em várias escolas caldenses como foi um dos artistas do estúdio Secla. É ainda o autor do monumento ao 16 de Março, colocado em frente ao Quartel e tem familiares a viver na cidade termal.
Esta foi também a oportunidade de ouvir contar como era a vida durante o Estado Novo, com agentes da Pide por perto da casa dos músicos e dos artistas como relatou Santa Bárbara. Na sessão, que contou com o Café Central cheio de gente, Abel Rosa explicou como Santa Bárbara fez as nove capas para Zeca Afonso e como foi o trabalho de pesquisa – em gavetas com vários quilómetros – no atelier deste artista. Segundo Abel Rosa “há capas de discos antes e depois de Santa Bárbara”. Até então limitava-se a ter a fotografia dos artistas enquanto que Santa Bárbara “iniciou um trabalho que tem paralelo com o que se passava no mundo anglo-saxónico, com capas pensadas e simbólicas, feitas com irreverência e com mensagens que muitas vezes conseguiram “passar” na censura de então. Ao todo foram nove as capas que Santa Bárbara criou para Zeca Afonso: Cantares do Andarilho (1968), Contos Velhos Rumos Novos (1969), Traz outro amigo também (1970), Cantigas de Maio (1971), Eu vou ser como a toupeira (1972), Venham mais Cinco (1973) Enquanto há Força (1977), Fados de Coimbra e outras canções (1981) e Como se fora seu filho (1983). Este evento fez parte do programa “O Que Faz Falta – Celebrar José Afonso” que decorreu nas Caldas ao longo de todo o ano de 2023. ■






























