Livraria Histórias com Bicho recebeu teatro para bebés

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A actriz Cristina Paiva interpretou a primeira peça da Companhia Andante para bebés

 

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“Afinal o caracol…” subiu até à antiga escola primária dos Casais Brancos (Óbidos), agora convertida na livraria Histórias com Bicho, e fez as delícias de crianças e pais, que ali se dirigiram no passado dia 3 de Novembro. A primeira peça de teatro para bebés, interpretada pela Companhia de Teatro Andante, foi encenada a partir do poema “Havia um menino” de Fernando Pessoa, e contou com ilustrações da proprietária da livraria, Mafalda Milhões.
A Histórias com Bicho prepara-se também para lançar um conceito novo de livrarias de campo.

Depois de uma estreia oficial na Casa Fernando Pessoa, a Companhia de Teatro Andante apresentou ao público, em Óbidos, o seu primeiro espectáculo para bebés. Intitulada “Afinal o caracol…” e com uma duração de 25 minutos, a peça interpretada por Cristina Paiva cativou os mais novos e também os seus progenitores, nas três actuações que decorreram na livraria.
“A reacção que queríamos ter foi exactamente esta – ver os olhos e os sorrisos das crianças”, disse Cristina Paiva, referindo-se à reacção do público, composto por pais e por filhotes dos seis meses aos três anos.

A livraria Histórias com Bicho, situada nos Casais Brancos, quer assumir-se como uma livraria de campo

De acordo com a actriz, este é um espectáculo de promoção da leitura, onde utilizaram textos de Fernando Pessoa que, destaca, tem muitas coisas escritas para crianças. “São textos fáceis e nem pedimos que as crianças sigam uma história, mas sim as imagens, sons e estímulos que vamos dando”, explicou à Gazeta das Caldas.
A responsável reconhece que a promoção da leitura não se faz apenas com um espectáculo, mas considera que estes momentos podem ser potenciadores desse caminho. Daí que, além da peça, tenha também sido feito um CD com as músicas originais, de Joaquim Coelho, e esteja prevista a edição do livro, com ilustrações de Mafalda Milhões, responsável pelo projecto editorial em Óbidos.
“Espero que a edição do livro esteja para breve porque é importante levarem essa prova física com eles e praticarem em casa”, remata Cristina Paiva, que considera que a promoção da leitura deve começar logo de pequeno, “juntamente com o leite!”.
A Companhia de Teatro Andante já trabalha nesta área há algum tempo, mas com crianças mais velhas, idosos e reclusos. Este espectáculo foi difícil de preparar, pois exigiu muito trabalho de pesquisa. “O trabalho estava pronto no inicio do ano, mas depois precisou deste tempo de maturação ao nível de produção e de apuramento até parecer simples”, disse, acrescentando que o espectáculo irá agora percorrer diversos locais do país, como é o caso de Alcochete, a 24 de Novembro.
A companhia já tinha passado pela livraria no verão com o espectáculo “Às avessas” e Cristina Paiva considera que “no meio dos dias cinzentos em que todos estamos metidos, este espaço é uma bolha de felicidade e faz a diferença, ainda para mais numa zona rural”.
A responsável da livraria, Mafalda Milhões, destaca o contributo de todos os participantes, que possibilitou que o espectáculo ficasse mais rico e sofisticado. “Acho que este projecto é como se fosse o próprio Fernando Pessoa: acabam por ser muitos heterónimos no chapéu do caracol”, exemplificou.
Mafalda Milhões destacou ainda que, cinco anos depois de se terem instalado em Óbidos, já começam a aparecer algumas pessoas da região nas iniciativas que promovem, mas que o seu público continua a ser maioritariamente o que tinham em Lisboa, quando estavam na Fábrica do Braço de Prata.
A livraria está agora a preparar-se para o Natal com campanhas que “ensinam a dar e a rentabilizar a compra”, afirma a responsável, que garante que vai ser possível fazer compras para a família com muito pouco dinheiro.

Uma livraria de campo

Depois de ser a primeira livraria portuguesa especializada em literatura infantil, a Histórias com Bicho prepara-se para lançar um conceito novo de livrarias de campo. “Com a crise as livrarias estão a desaparecer e nós estamos a lutar pela nossa e a implementar outra filosofia, que é a da leitura em estado puro”, explicou Mafalda Milhões.
Dadas as características do espaço (uma antiga escola primária com terreno em redor), as actividades que executam procuram ser sustentáveis, promover o contacto com a natureza e permitir às crianças aproximarem os cinco sentidos ao meio envolvente. O projecto inclui ainda a criação de uma horta no recinto da escola. Junto à casa já foi plantado um pequeno bosque (um conjunto de pinheiros) e criada uma quinta onde, entre outros animais, habitam já duas cabras e uma ovelha.
“A ideia não tem nada a ver com a criação de uma quinta pedagógica, mas assumir o campo com as suas rotinas e o seu barulho”, explica Mafalda Milhões, especificando que as crianças que ali forem poderão ajudar nas tarefas do campo. As actividades deverão começar na próxima primavera.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

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