
O Museu da Imagem em Movimento, em Leiria, acolhe a exposição “Cerâmica – Reflexo de uma Cultura”, uma iniciativa do Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentado de Produto (CDRSP) do IPL, com o apoio da Câmara Municipal de Leiria.
A mostra, que pode ser apreciada até Novembro, integra peças de algumas fábricas das Caldas da Rainha e de Alcobaça, que pertencem a coleccionadores privados e, apesar de não darem uma visão completa do que já se produziu (ou produz) nestes dois centros de cerâmica do Oeste, dá para dar uma ideia sobre as diferentes produções que os empresários da região têm realizado.
Segundo as organizadoras da mostra, Lina Durão e Telma Ferreira, outras exposições se seguirão pois esta marca apenas o arranque de um trabalho que visa destacar o papel da cerâmica decorativa no distrito.
Lina Durão é de Portalegre, tirou o curso de Design de Cerâmica e Vidro na ESAD e, mais tarde, passou a integrar a equipa do CDRSP. A jovem decidiu fazer da cerâmica do distrito o tema para a sua dissertação de mestrado. O trabalho contou com a ajuda de designer Telma Ferreira e culminou com um convite do próprio IPL em organizar uma exposição que abriu portas em Setembro no Museu da Imagem em Movimento, em Leiria.

“A exposição segue uma linguagem temporal que começa na fábrica do Juncal, fundada em 1770, que foi a primeira a laborar neste região”, disse Lina Durão, enquanto efectuava a visita guiada à mostra, onde também participou Jorge Pereira de Sampaio, o comissário da exposição.
Questionada sobre qual foi o critério de escolha em relação à produção cerâmica caldense, Lina Durão disse que “quisemos incluir não só a Bordalo Pinheiro, como o que vem depois”. Ou seja, depois da aposta “na linguagem naturalista e dos motivos do que é português que Bordalo fez, as Caldas teve outro momento de destaque com a aposta no design da Secla”, disse a investigadora, salientando algumas peças produzidas no Estúdio Secla.
Para Lina Durão, a Secla teve um papel pioneiro já que “é a própria fabrica que convida os artistas plásticos a desenvolver projectos para a unidade industrial desenvolver posteriormente”.
A responsável contou que a sua tese académica se centrava na região de Alcobaça, onde conhece melhor a produção cerâmica, e que só depois lhe surgiu o convite para se dedicar ao distrito de Leiria. “Houve muita coisa que tivemos que excluir pois não tínhamos espaço expositivo disponível”, disse a organizadora, que defendeu
tese em Janeiro, na qual obteve uma classificação de 19 valores.
Em relação às Caldas diz que tinham acesso a peças das fábricas Belo e Subtil que não foi possível apresentar. Como tal, Lina Durão conta que tentou dar resposta à proposta que lhe fizeram e “fui buscar o que considerei mais importante, procurando que não houvesse falhas em termos de evolução temporal”. A investigadora pretende dar continuidade a este trabalho expositivo, até porque há várias empresas da região Oeste que não tiveram oportunidade de marcar presença nesta iniciativa e que mereciam estar representadas.
A exposição integra peças em cerâmica provenientes da Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro, do Estúdio Secla, entre outras oriundas das Faianças Belo e da Roque (Gaeiras).
Faz igualmente parte um núcleo de Louça Artística de Alcobaça e outro de cerâmica alcobacense dos anos 50/60. Há ainda alguns núcleos que apresentam louça dos anos 80, de uso doméstico de Leiria e de porcelana da região.
“Cerâmica – Reflexo de uma cultura” pode ser vista até Novembro no Museu da Imagem em Movimento, em Leiria.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt






























