Lançamento do livro de Francisco da Silva enche sala do Hotel Sana

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notícias das CaldasFoi um sucesso a apresentação de “Kifofo Hombo – Cabra Cega”, o livro de Francisco Martins da Silva a 13 de Julho, no Sana Silver Coast Hotel (antigo Hotel Lisbonense).
A sala esteve cheia de gente, sobretudo professores, que vieram congratular o seu colega que escreveu um romance passado em Angola nos períodos antes, durante e após a descolonização.

“É muito bom ter amigos. É realmente uma felicidade”. São palavras de Francisco Silva que não podia estar mais feliz por ver a sala do Sana Silver Coast Hotel (antigo Hotel Lisbonense)
a abarrotar de gente para assistir à apresentação da sua obra “Kifofo Hombo – Cabra Cega”. Apesar de tudo, confessa que estava à espera da enchente, “pela reacção que fui tendo das pessoas”.
A narrativa deste primeiro romance tem início nos anos 60 em Angola e tem a Guerra Colonial como pano de fundo. Atravessa o período da descolonização e acompanha as vicissitudes das suas personagens até à actual crise portuguesa. O autor escolheu para o título  Kifofo Hombo, que significa Jogo da Cabra Cega e que “traduz um traço de carácter de uma das personagens e também a atitude dos colonos no contacto dos nativos”. Por outro lado, a população local também via os colonos como “uma espécie de cabras cegas”.
Francisco Silva confessa que gosta de escrever pois “é uma maneira de nos esquecermos ou de ultrapassarmos momentos menos felizes do dia-a-dia”. No fundo, diz, é “como se fosse uma terapia”.
O autor explicou que “Kifofo Hombo – Cabra Cega” foi surgindo muito lentamente. Os primeiros textos surgiram há oito ou nove anos. Revela que o seu processo de escrita é muito similar ao desenvolvimento de um projecto de arquitectura, isto é, “começo por uma estrutura base e depois vou preenchendo os pontos e estabelecendo ligações, dando os mesmos nomes às personagens”.
Francisco Silva conta que a partir do momento em que  a história começou a ganhar lógica interna, “o texto progrediu exponencialmente chegando a parecer que se escrevia a si próprio”. Foi de tal maneira que quando acabou Kifofo Hombo se sentiu “vazio” pois sentiu falta do reencontro diário com as personagens que criou.
O autor, que é professor em Santa Catarina, diz que entre as suas influências literárias se contam Lawrence Durrel, Graham Green e “o pai de nós todos, Saramago”.
Natural de Mangualde, o também arquitecto diz que gostaria de apresentar o livro na sua cidade e também em Lisboa e Porto.
Isabel Xavier, presidente do PH, afirmou que este é um livro sobre África, passado em Angola antes e logo após a descolonização. “As personagens são acompanhadas até Portugal na condição de retornado que nunca o foram porque nunca cá haviam estado”, disse. A docente considerou que o livro termina sem um fim pois o que conta “é o processo”.
Kifofo Hombo – Cabra Cega é, para Isabel Xavier, um livro “para ler e pensar pois vemo-nos confrontados connosco e com os outros, nos últimos 40 anos do nosso devir colectivo”, rematou.

 

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