José Luís Peixoto assina livros e conversa com leitores na Bertrand

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Visita às Caldas
Na sua quarta visita às Caldas, o escritor distribuiu autógrafos e demorou-se a conversar com os seus leitores

José Luís Peixoto regressou às Caldas da Rainha no  dia 4 de Outubro para uma sessão de autógrafos na Livraria Bertrand. Apesar de ter assinado vários dos seus títulos já publicados, a principal intenção era promover a sua nova obra, que dá pelo nome de “Livro”, um título bastante ousado, na opinião do próprio autor.

Este livro é também o primeiro que se foca numa temática mais realista, tendo como tema principal a emigração portuguesa para França. José Luís Peixoto justifica esta escolha com o querer fazer algo de diferente: “não vale a pena fazer-se aquilo que já se fez, a escrita é uma área do conhecimento e não acrescenta nada descobrir aquilo que já foi descoberto”. É também um tema muito próximo do autor, já que toda a sua família esteve emigrada em França e regressaram pouco tempo antes de ele nascer. “Falei muito com a minha mãe sobre este tema, mas também tive contacto com muitas outras pessoas que fizeram a mesma viagem”, realça, lembrando que muitos o ajudaram, não só com testemunhos, mas também com vídeos e fotografias.
A sessão de autógrafos foi calma e a fila alongou-se, principalmente porque o autor dedicou longos minutos a cada um dos fãs, assinando livros, cadernos, tirando fotografias e partilhando histórias. Catarina Santos, de 25 anos, já leu todas as obras do autor e vai a meio deste novo “Livro”. “A coisa que eu mais gosto é que mesmo em prosa ele consegue inserir uma certa musicalidade, como se fosse poesia. E também insere coisas fora do normal na maior parte dos seus livros”, diz, admitindo que nesta obra ainda não encontrou isso.
Mas não são apenas os mais novos que se sentem seduzidos por este jovem escritor. José Grilo, sexagenário, comprou o “Livro” por curiosidade. “Ninguém mo tinha aconselhado, mas achei que seria uma novidade”, disse. Já Isabel Almeida, de 48 anos, foi comprar a obra para uma amiga “que gosta muito mais de José Luís Peixoto do que eu” e acrescenta ainda que não leu muitos livros dele, mas que prefere a prosa. “Gosto muito da escrita dele, mas não muito dos assuntos” admite.
Por vezes, enquanto assina autógrafos, o autor levanta os olhos e sorri em reconhecimento, perguntando: “Eu já te conheço, não conheço?”, recebendo um sim um pouco tímido dos fãs que o seguem sempre que podem.
“Gosto sempre de regressar às Caldas e como esta já é a quarta vez que cá estou, encontro pessoas com quem já estive anteriormente”. A primeira vez que José Luís Peixoto esteve na cidade foi num encontro de autores e de autógrafos, na seguinte a convite da Livraria 107 e por fim numa actividade organizada pela Biblioteca Municipal, o Museu José Malhoa e uma turma da Escola Secundária de Raul Proença.
Ana Curado e Teresa Onofre são ambas professoras desta escola das Caldas e, apesar de não terem estado directamente envolvidas no projecto de há cinco anos, lembram-se do sucesso que foi entre os alunos que organizaram o encontro com o autor. “Muitos destes alunos tornaram-se leitores fiéis e mantêm contacto com o José Luís Peixoto” diz Ana Curado, encontrando aqui a sua justificação para promoverem outra actividade idêntica, na altura do segundo período. Para o autor, a proposta pareceu-lhe interessante e pensa em regressar às Caldas uma quinta vez para esta actividade.

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Marina Araújo

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