Jornal local da Nazaré inspira autora a criar coleção de roupa

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A criadora Cátia Marques é natural da Nazaré e inspirou-se num dos jornais que existiu no concelho para criar uma coleção de várias peças de roupa

Pertencem a Cátia Murraças Marques as peças de roupa criadas com a Gazeta da Nazaré estampada. Uma ideia bem original que tem vindo a conquistar clientes, sobretudo turistas estrangeiros “que valorizam a identidades das localidades”, disse a coordenadora de moda, natural da vila, que cresceu a ver a mãe a costurar.
Ao usar este jornal quinzenário que se publicou entre a década de 1980 e 2000, para fazer as suas criações de moda, a autora traz para a atualidade “memórias” da terra e do “povo nazareno”, que tanto se orgulha. Com esta coleção de peças, Cátia Marques também presta homenagem a António Balau, fundador e diretor do jornal Gazeta da Nazaré, que foi posteriormente adquirido por novos proprietários e que manteve a sua publicação até 2006.
Desde cedo que a nazarena vestia as suas Barbies e complementava as peças de vestuário das bonecas com acessórios. Não foi, por isso, propriamente uma surpresa quando escolheu estudar Coordenação e Produção de Moda na Magestil, em Lisboa. Ainda estagiou no Guarda-Roupa na TVI, mas corria o ano de 2015 quando Cátia Marques resolveu voltar à terra natal e abrir a sua própria loja de roupa com a sua mãe. Fê-lo primeiro no edifício do Bingo, na marginal, e há dois anos que tem a loja na Rua Mouzinho de Albuquerque, um local de passagem obrigatória.
A autora acabou por criar a sua própria loja e marca, ambas designadas Oro&Nero, onde o ateliê de costura se encontra à vista dos clientes. Também vende outras marcas mas é nas coleções da Oro&Nero que dá largas à sua imaginação e apresenta peças que têm inscrito muitos elementos da identidade nazarena, que na sua opinião “vai muito para além das grandes ondas e do xadrez das camisas dos pescadores”.
Tenta, deste modo, colocar essas raízes nazarenas nas suas peças e procura fazê-lo “com emoção”, disse Cátia Marques à Gazeta das Caldas.
A marca contempla a coleção de verão e a de inverno e, muitas vezes, a autora faz questão de reaproveitar os tecidos estampados. “Fazemos uma pesquisa aprofundada sobre as novas tendências sem deixar de fazer referência à tradição”, referiu a coordenadora e produtora de moda, que se ocupa de todos os detalhes desde o mandar fazer as peças de roupa até à criação das histórias, dos conteúdos, sem esquecer a escolha dos cenários onde as suas coleções são apresentadas.

Coleção Nazaré com Alma
Através de um processo de sublimação, Cátia Marques consegue que seja estampado em tecido o próprio jornal e, assim, criou um coordenado mais desportivo de calça e camisola, um vestido, um casaco de homem e uma gabardine. Tudo com os artigos da Gazeta das Nazaré, que, aliás, se conseguem ler nas próprias peças de roupa.
Cada uma das peças tem a sua designação própria ou não fosse a autora natural de terras nazarenas. A saber: o vestido designa-se apenas “Gazeta das Nazaré”, mas as restantes peças, típicas da terra, não são fáceis para os mais leigos no… nazareno.
O camiseiro de homem intitula-se “Tá Neuva”, enquanto que o coordenado calça e camisola “É mà’s pêxe q’ arêa”. Por seu lado a gabardina designa-se “Det’s á Costa”. Expressões populares que são, como dizer, “corriqueiras” para qualquer nazareno, mas que os “palecos” podem ter curiosidade em perceber.
“Procurei folhas específicas do jornal para criar as peças de roupa”, referiu a profissional de moda que, depois de ter criado a Nazaré com Arte, onde constam as primeiras peças, deu-lhes continuidade com Nazaré com Alma e garante que tem procura, sobretudo por turistas estrangeiros que apreciam “não só a qualidade mas também tudo o que tenha a ver com as raízes locais”.
Cátia Murraças Marques, que considera que lançar estas coleções identitárias, está a ser “um grande desafio”, garante que não vai desistir, pois quer que a sua terra possa também ser conhecida através da promoção das suas origens e que fazem com que a vila piscatória se diferencie.
A autora é ainda muito rigorosa na escolha dos tecidoscom que trabalha. “Uso produto de fabrico português, tudo do norte do país, sustentável e de qualidade”, disse a coordenadora que manda fazer cinco a dez peças no máximo de cada um dos seus coordenados. À Gazeta revela que vai continuar a querer a apostar em coleções-cápsula, isto é, que têm poucas peças mas que se adequam a vários géneros de looks. As peças de vestuário da coleção Nazaré com Alma, e feitas a partir das Gazetas da Nazaré, variam entre os 75 e os 380 euros e, quem as quiser adquirir, terá que se deslocar a loja Oro&Nero na Nazaré.
No espaço comercial encontrará Cátia Marques e poderá conversar com sobre estas coleções onde se destacam marcas identitárias da sua terra, a Nazaré. ■

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