Jorge Romão trouxe o Kitsch até à Associação Cultural do Painho

0
661
Jorge Romão junto a várias propostas que podem ser apreciadas na associação desportiva e recreativa do Painho

Banheiras, alguidares e tampas de panelas são reaproveitadas pelas mãos de Jorge Romão e podem transformar-se em suportes para fotografias, pinturas e colagens. É isso que se pode apreciar na mostra “O Triunfo do Kitsch (ou do lixo)”, que abriu a 7 de agosto na Associação Desportiva Cultural e Recreativa do Painho.
“Esta exposição é eclética, arrojada e até provocatória”, disse à Gazeta o artista do Painho, que se divide entre a terra natal e Lisboa, onde trabalha.
As instalações que agora apresenta foram elaboradas durante o confinamento, quando não era fácil encontrar materiais de arte. Jorge Romão recorreu, então, a materiais que encontrou no lixo e em estaleiros de obras. Assim nasceram diferentes núcleos artísticos, como “Mulheres da minha vida”, que marcaram o artista.
O autor usou alguidares de alumínio, portas velhas, bandejas de metal que agora servem de apoio para mostrar retratos – através de pintura e colagens – de Simone de Oliveira, Ana Zanatti, Amália, Sophia de Mello Breyner, Madalena Iglésias e ainda da mãe e da tia Rosa, “outra mãe”, explicou. Este núcleo de obras “é o início de um novo e maior projeto”, referiu.
Em“Luxúria Barroca” usou velhas portas, janelas e barrotes e deu-lhes “um ar barroco, em que predomina o dourado”. Ainda forrou uma mesa e uma cadeira “com cápsulas de café Nespresso”, especificou.
“Do Minho a Nova Iorque” inclui pinturas e colagens de fotos de artistas de Hollywood dos anos 1950 e de postais dos anos 1930 de jovens minhotas, adornadas com bijuterias. Segue-se “Glamour & Vanguarda”, que inclui pinturas e colagens de fotografias de modelos contemporâneos, apresentadas com bijuterias e a adereços. Em “Sagrado & Profano”, Jorge Romão usou imagens religiosas, colocando-as num contexto dessacralizado.
Por seu turno, “Humor e Provocação” reúne estatuetas feitas com materiais recuperados do lixo, como bonecas barbies e action-man dos anos 1960, animais em plástico e de borracha e colocou-os sobre suportes em pedra.
“O humor está no nome das peças”, disse o autor que criou “Se procuras um príncipe, beija-me”, usando um sapo Bordalo Pinheiro ou o “Brutamontes” (boneco action-man a carregar um pedregulho). Pode ser apreciada “a namorada do Brutamontes” (Barbie sentada de perna cruzada sobre um tijolo antigo) ou ainda, “o primo da Lourinhã”, um crocodilo em porcelana colado sobre pedra fossilizada.
O cadavalense já teve convites para participar em exposições em Amesterdão, em Bruxelas e em Madrid. Entre os últimos trabalhos de Jorge Romão inclui-se “a triologia das poetisas que estão relacionadas com o Bairro da Graça: Sophia Mello Breyner, Natália Correia e Florbela Espanca”. Com esta última, o autor fez uma homenagem ao Alentejo e que pode ser apreciada no Bairro da Graça – Calçada do Monte e Travessa do Monte.
O artista que, em breve, fará um mural artístico no Painho gostaria de, no futuro, realizar uma exposição nas Caldas da Rainha. ■

- publicidade -