
Escritor esteve na biblioteca, no sábado, para esclarecer dúvidas dos seus leitores.
A personagem principal do “Naufrágio”, que João Tordo apelidou de Jaime Toledo já tinha surgido como secundária no livro “A Mulher que corria atrás do vento” . Esta foi uma das partilhas do escritor, a 12 de novembro, na Biblioteca Municipal, durante a sessão do Clube de Leitura e que foi assistida por meia centena de pessoas. Estas ficaram também a saber que, na segunda-feira seguinte, dia 14, este autor iria lançar um novo thriller “Cem anos de perdão” e a conhecer que, no próximo ano, irá lançar outra obra, dedicada aos ensaios.
A personagem principal de “Naufrágio”, um escritor de 60 anos, deixou de escrever há uma década. E é alvo de uma acusação que resulta num julgamento sumário da personagem e que, ao longo do livro se prova que de facto ele cometeu o delito. Serviu também de inspiração para esta obra o movimento MeToo.
Para João Tordo este seu livro “é uma comédia negra e trata de questões como uma pessoa ter de lidar com o seu passado, com as feridas que causamos e que os outros nos causam”. E até partilhou, durante a sessão, que não gosta particularmente da personagem que criou e, muito menos, do que ele diz. No entanto, “num mundo tão polarizado como é o atual, são precisas pessoas como o Jaime”, sustentou.
Na sessão, bastante interativa, falou-se muito para além do “Naufrágio” pois o escritor revelou detalhes sobre outras obras como, por exemplo, as trigémeas que são protagonistas de “Felicidade” se inspirarem nas três irmãs idênticas que eram vizinhas do escritor quando este viveu na zona da Estrela, em Lisboa.
O resto da história é totalmente ficção mas as protagonistas eram de facto suas vizinhas que, enquanto crianças, “pareciam iguais” pois usavam a mesma farda do colégio, mas que depois se transformaram “em mulheres bastante diferentes”. Algo que acabou por transpor também em “Felicidade”.
“Faço poucos planos para os meus livros , mas aqueles que faço saem quase sempre gorados”, revelou João Tordo, acrescentando que enquanto escrevia algumas das suas obras teve, por vezes, a sensação de que algumas personagens “parecem ter a capacidade de decidir o seu destino”.
Para o escritor, que foi vencedor do Prémio Saramago em 2009, “todos os romances são um puzzle à espera de ser montado”. No entanto, ele prefere-os inacabados, aqueles a que faltam algumas peças. “Esses sim, são o verdadeiro desafio”, considera.
Marta Ambrósio, do Clube da Leitura ficou muito satisfeita com a adesão do público à sessão do Clube de Leitura, que contou com o apoio da Biblioteca e que encheu o auditório daquele espaço.
“A seguir queremos convidar uma escritora”, afirmou Marta Ambrósio que, com Elisa Santos, divide a responsabilidade relativa ao Clube de Leitura das Caldas da Rainha e que já tem prevista nova sessão com uma autora para o primeiro trimestre de 2023.






























