João Serra propõe um novo museu de cerâmica para as Caldas

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João Serra durante a apresentação da exposição “Biblioteca de um ceramista industrial 1880-1980”

O historiador João Serra propõe para as Caldas um novo edifício para o Museu de Cerâmica ou então que este seja requalificado passando a liderar uma nova rede museológica do património cerâmico local. Estas propostas foram apresentadas num relatório sobre a musealização do património cerâmico caldense que teve lugar a 20 de Março na ESAD e que, em breve, poderá vai estar disponível para ser discutido publicamente.

“A Câmara das Caldas tem que decidir se prefere construir um edifício novo ou apostar na requalificação do palacete do 2º Visconde de Sacavém”, disse o investigador João Serra no seminário que se realizou na ESAD. O docente explicou que actualmente são necessários pelo menos mais 2500 metros quadrados de área expositiva para novos serviços e para albergar as colecções que o município foi adquirindo ao longo do tempo e que foram feitas por Ferreira da Silva. Ainda possuem a coleccção de cerâmica caldense de Artur Freitas e das fábricas Secla e Molde.
Se a opção política for a de requalificar o actual espaço, o responsável sugeriu que se optasse por uma solução similar à que foi seguida pelo Museu da Cidade em Lisboa, ao construir dois pavilhões expositivos nos jardins. Também há a hipótese de instalar o novo museu na parte da Fábrica Bordalo Pinheiro que foi adquirida pela autarquia onde “será possível implantar aí um edifício de dois pisos e uma cave”.
O investigador acha que é necessário apostar na aquisição de peças a coleccionadores particulares, de forma a garantir a representatividade dos núcleos da exposição permanente. “As colecções públicas apresentam uma lacuna grave no que respeita à cerâmica de Manuel Mafra e seus contemporâneos”, afirmou o docente, que considera que o património cerâmico pode ser uma peça para a afirmação cultural e turística da cidade. “Esta discussão deve ser feita agora, antes da passagem do Museu do Estado para a Câmara em 2021-22”, afirmou o investigador que também sugeriu que se constitua uma rede que inclua entidades, colecionadores, fábricas, museus, Centro de Artes e as oficinas municipais de cerâmicas.
Este modelo de gestão cultural pode ser semelhante ao que existe em Sintra, designado Monte da Lua, ou equivalente ao que é feito nas Oficinas de Guimarães. “Em ambos as autarquias uniram-se ao Estado, a associações e a entidades privadas”, disse.

Um novo modelo de gestão

Agora João Serra gostaria que esta proposta de gestão, expressa num documento com 30 páginas que, em breve, vai ser editada pela ESAD, fosse discutida publicamente com as várias entidades, desde os colecionadores aos criadores. Na sua opinião, é também essencial o envolvimento do concelho vizinho de Alcobaça, de modo a permitir a implementação da rede a nível regional pois “há interesse por parte de coleccionadores, fábricas e museus em participar”.
João Serra lembrou que a futura rede estará interligada com a candidatura a Caldas Cidade Criativa, cujo argumento central é a criação cerâmica que acontece de forma ininterrupta desde o século XV.
O investigador propõe um novo modelo de gestão para o património caldense e não quer que este se preocupe apenas com o passado. Acha essencial que se ocupe também com a produção actual.
Para já, o relatório contou com uma primeira reacção favorável por parte da autarquia, expressa pela vereadora da cultura, Maria da Conceição Pereira no evento na escola de artes caldense.
Durante a iniciativa foram também apresentados os projectos de investigação cerâmica da ESAD, designado CP2S, o catálogo da exposição “Produto Próprio: colaboração entre artistas plásticos e a indústria cerâmica na Secla”, efectuada em Junho de 2018 no Museu Barata Feyo. Foi também apresentada a exposição “Biblioteca de um Ceramista Industrial, 1880-1980”.

Última Lição dedicada a Ferreira da Silva

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João Serra irá lançar a 9 de Maio um novo livro sobre Ferreira da Silva (1926-2016). A obra será apresentada na Última Lição do docente que terá lugar na ESAD. O livro tem prefácio de José Luís Almeida Silva, amigo do artista, e vai ser apresentado no CCC, no dia 11 de Maio, às 16h30.
Este aborda vários aspectos do percurso pessoal de Ferreira da Silva, assim como das suas diversas actividades nos domínios das artes plásticas, do design e também na indústria.
A obra de investigação foi iniciada em 2018 e apresenta uma aprofundada investigação sobre o período em que Ferreira da Silva esteve em Paris, em 1967. O livro ainda inclui imagens dos projectos artísticos que não chegaram a ser concretizados. João Serra contou com a colaboração de várias entidades, familiares e amigos deste artista que escolheu fazer grande parte da sua vida, pessoal e profissional, nas Caldas da Rainha. N.N.

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