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Artista plástico nasceu em Leiria, mas foi na ESAD que se formou. Videoclip para Nádia Schilling, com quem vive, acabou por lhe trazer reconhecimento. Apesar de radicado nas Caldas mostra-se crítico com o rumo que a cidade tem tomado.
O artista plástico João Pombeiro trabalha nas mais diversas áreas – música, humor, design, banda desenhada, teatro e cinema – e de forma regular com vários artistas. Entre eles contam-se músicos e humoristas como os Cave Story, Nightmares On Wax, Surma, João Hasselberg, Luísa Sobral, Eduardo Morais, Filipe Melo, Nuno Markl e Bruno Nogueira. O autor, natural de Leiria, trabalha em diversos formatos nas áreas da realização, animação, ilustração, argumento, direcção de arte e de argumento.
Veio morar para as Caldas em 1997, altura em que entrou no curso de Artes Plásticas. A ESAD era então “uma escola nova, com características muito particulares e que contrastava com o academismo das faculdades de Belas Artes”.
João Pombeiro conta que teve a sorte de fazer parte da geração “que utilizou a lógica e estética DIY(Do It Yourself), quer no seu trabalho artístico quer na produção de eventos como o Caldas Late Night”.
A escola de artes caldense, acrescentou, “era um laboratório experimental, onde aas áreas de criação, os professores e alunos cruzavam-se de formas pouco convencionais”.
E hoje, reconhece que a sua formação base de artista plástico é a que acaba por ser transversal a todo o seu percurso e muitos dos seus trabalhos têm vindo a conquistar reconhecimento a nível nacional e internacional. Faz videoclips, genéricos para séries televisivas, escreve argumentos, cartazes…num sem fim de formatos onde João Pombeiro tira o melhor partido do desenho, das colagens e das técnicas digitais. É ainda um dos autores da série humorística Bruno Aleixo que tem visibilidade em vários meios desde a rádio, televisão e cinema.
Uma das artistas com quem mais trabalha é a cantora Nádia Schilling que é também sua companheira.
A parceria artística vai muito mais além do que apenas a feitura dos seus videoclips. João Pombeiro é também responsável pela produção musical, ao design gráfico e comunicação e ainda pela cenografia dos concertos. “Foi com um videoclipe que fiz para a Nádia que o meu trabalho alcançou uma maior visibilidade nacional e internacional”, contou o autor acrescentando que em seguida foi destacado por sites como o Vimeo Staff Picks, Behance, Vice Creators, Booooooom, Coctel Demente ou Videoclip Itália.
“Kite”, assim se intitula a canção do videoclip acabou por ser premiado em diversos festivais, um pouco por todo o mundo, “e foi graças a isso que fui contactado pela Warp Records para começar a desenvolver trabalho para os Nightmares On Wax”, contou Pombeiro, que foi o criador do videoclip “Back to Nature” daquela banda inglesa.
João Pombeiro desenvolveu também vídeos interactivos que foram projectados nos concertos da tour mundial dos NOW. O autor leiriense fiz outro videoclip para o tema “Look Up”, criei os vídeos utilizado na “NOW DJ Set Tour” e “Wax Da Jam”, uma festa em Ibiza organizada pelo George Evelyn dos NOW.
Ao longo dos últimos anos , Pombeiro tem colaborado com algumas instituições de ensino artístico (ESAD.CR, ESTG, ESELx, ESAP, …), em diversos tipo de iniciativas. O autor participa em aulas, estágios, workshops, conferências, masterclasses e eventos. O principal foco desse trabalho “é a partilha da minha experiência profissional e da constante aprendizagem e adaptação dos processos técnicos e criativos, sobretudo na área dos audiovisuais”, contou.
Actualmente João Pombeiro está a desenvolver vários projectos. Um deles é que está a fazer trabalho de colagens para rótulos de vinho da Região de Lisboa, uma capa de disco de um compositor grego “e uma série de projectos pessoais que irão, eventualmente, fazer parte da minha próxima exposição”, revelou o autor explicando que esta mostra sobre o trabalho que desenvolve ainda não tem data nem local confirmados.
Leiria dinâmica, Caldas sem glória
O artista plástico vai acompanhando, à distância, o que se passa em Leiria, sua terra natal onde, “tem havido uma movimentação cultural bastante mais forte nos últimos anos através de associações culturais, editoras e festivais, etc”. Para João Pombeiro esta dinâmica é de louvar, pois durante a sua adolescência “não se passava lá nada”. Pelo contrário, em relação às Caldas, afirmou que é a cidade que escolheu para viver desde que vim estudar para a ESAD, e onde acabou por ficar por estar se situar “a meio caminho de Lisboa”.
Considera que a cidade das Caldas da Rainha “já teve os seus momentos de glória” mas, hoje em dia, “está praticamente morta a nível cultural e perdeu a relevância que teve em tempos”.
Ermita por natureza
João Pombeiro contou ainda à Gazeta que habitualmente trabalha a partir da sua casa. Como tal, lida bem com as medidas de confinamento causadas pelo coronavírus. Até porque, diz, é “um ermita por natureza”. Como tal, a rotina “manteve-se praticamente igual”, conclui.
