Jazz com outras sonoridades marcaram o arranque do festival Dias do Jazz no CCC

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Big Band da Nazaré com as cantoras Júlia Valentim e Cristina Maria

Dias do Jazz trouxeram diversidade de concertos. Festival regressará em novembro

No sábado à noite, 14 de outubro, foi a vez do concerto “Há Fado no Jazz” se apresentar no CCC. Veio a Big Band da Nazaré com a fadista convidada, Cristina Maria, e a cantora de jazz Júlia Valentim, sob a direção do maestro Adelino Mota.
“O grande desafio foi criar linguagens novas unindo o jazz ao fado”, disse o maestro à Gazeta das Caldas, acrescentando que esta união com Cristina Maria, estreada no Jazz do Valado, “tem sido bem acolhida”. O espetáculo mantém o espírito jazzístico da Big Band com a participação da cantora residente Júlia Valentim, que integra a Big Band. Cada uma interpretou seis temas: Cristina Maria, fados, entre alguns tradicionais e outros originais que integram o seu repertório e Júlia dedicou-se aos standards jazzísticos como “Unforgettable” ou “Feeling Good”.

O auditório do CCC encheu-se para ouvir esta forma arrojada e aplaudiu a proposta dos músicos que de forma arrojada quiseram cruzar as linguagens. A Big Band da Nazaré em 2024 vai celebrar o seu 25º aniversário e Adelino Mota está a equacionar a hipótese de gravar uma retrospetiva da atividade do grupo musical.
Júlia Valentim é a cantora residente da Big Band pois é um elemento deste grupo há 15 anos. Por seu lado, Cristina Maria, cantora da Batalha deu voz não só aos fados mas também a canções tradicionais portuguesas que fazem parte do seu reportório. Esta atuação com a Big Band marcou a estreia desta cantora no CCC, interessada neste tipo de experimentação musical que o fado contemporâneo permite e que aposta também na portugalidade. Quer ainda continuar a apostar na experimentação e no cruzamento de linguagens sonoras.
A artista, da Batalha, dedica-se também à escultura e assinalou recentemente em Leiria os seus 25 anos de carreira. A noite prolongou-se no café concerto com uma jam session da responsabilidade do Hot Clube de Portugal.
A noite de sexta-feira, 13 de outubro, trouxe o espetáculo “Elas e o Jazz” que contou com as cantoras Joana Machado, Marta Hugon e Mariana Norton. Estas trouxeram sonoridades dos musicais da Broadway e dos clubes de jazz de Nova Iorque, revisitando os clássicos nas suas três vozes distintas. As artistas foram acompanhadas por André Sousa Machado (bateria), Nelson Cascais (contrabaixo) e João Pedro Coelho (piano). Na quinta-feira 12 de outubro, o CCC recebeu a atuação do Quarteto de Mário Barreiros.

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Noites de puro jazz e de blues
Foi, pois, uma noite de puro jazz, que contou com bons momentos de improvisação de José Pedro Coelho (saxofone), Abe Rábade (piano), Carlos Barretto(contrabaixo) e Mário Barreiros (bateria). Baterista histórico do jazz português, Mário Barreiros, está ligado à criação da Escola de Jazz do Porto, e é também professor, guitarrista e produtor de outros artistas como Rui Veloso, Pedro Abrunhosa ou ainda dos Ornatos Violeta.
Os Dias do Jazz tiveram início a 30 de setembro com a atuação de Pat Cohen, a “mother blues” que veio do Louisiana (EUA) para um concerto de cor e ritmo, típico daquele género musical. Perante um público que esgotou o grande auditório, Pat Cohen partilhou canções e histórias da música, numa noite dedicada aos amantes do blues.
A artista tem 66 anos e continua a apresentar o seu talento musical pelos palcos de todo o mundo.
Os Dias do Jazz regressam a 10 de novembro, com Manuel Oliveira Sexteto e a 11 com cantora cabo-verdiana Carmen Souza.
Para Mário Branquinho, o festival “tem um programa de qualidade, que está a despertar o interesse do público”. O diretor do CCC tem constatado que há uma diversidade de público, interessado no jazz e que é também “resultado do trabalho desenvolvido ao longo de 12 anos e que agora queremos consolidar”, rematou. ■

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