Uma inauguração emotiva da exposição “Retratos e outras estórias I”

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Notícias das Caldas
Os responsáveis pela mostra perante o público que encheu a sala de exposições. Juntaram-se na inauguração familiares e amigos do autor e do jornal

Notícias das CadasViveram-se momentos de pura emoção a 14 de Janeiro, na exposição de Valter Vinagre, “Retratos e outras estórias I”. Houve no Museu do Ciclismo uma  festa concorrida, onde estiveram retratados que já não se recordavam de ter tirado tais fotografias. Outros emocionaram-se ao rever gente que já partiu. Um final de tarde pontuado por reencontros, abraços e brindes, entre caldenses de várias gerações.
O fotógrafo, que não podia estar mais satisfeito com a adesão do público, dará continuidade à iniciativa realizando nova exposição em 2018 com o seu arquivo da Gazeta das Caldas.

 “Foi uma agradável surpresa! É bom vermo-nos ao fim de tantos anos!”, disse Edite Norte, sorrindo ao rever-se na fotografia que Vinagre lhe tirou em 1995. Eram os primeiros dias do seu atelier, dedicado aos vestidos de noiva e, na altura, estava a preparar uma passagem de modelos. A estilista gostou também de rever nas fotografias gente das Caldas que fez parte da sua infância e juventude como “os grandes médicos e os grandes professores da localidade”, disse.
Sentada no chão, rodeada por peças de cerâmica. Assim foi captada a designer Maria João Melo. A fotografia foi tirada numa das primeiras exposições do Terreiro das Gralhas, galeria de Carlos Mota, actual director do CCC. A retratada relembra que a mostra, designada “Design Impossível” incluía cerâmica e pinturas. “Fiquei super feliz ao rever-me!”, disse a retratada, que não sabia que iria “reencontrar-se” na exposição.
Mário Gonçalves já não se lembra do contexto em que Valter Vinagre o retratou no seu gabinete no Hospital Termal. “Sim, claro que a imagem me trouxe boas memórias”, disse o ex-administrador do Centro Hospitalar, referindo que a sua fotografia foi tirada nos anos 90. “O Valter Vinagre é um artista consagrado e esta é também uma homenagem merecida ao fotógrafo”, rematou.
Bárbara Taraio, 23 anos, foi uma das poucas retratadas que sabia que a sua fotografia iria constar da exposição. Em 1995 ela tinha dois anos e estava na Capela de S. Sebastião onde o seu pai, Manuel Taraio (falecido em 2008), montava uma exposição de pintura.
Celeste Ramalho, viúva de Manuel Taraio, também ficou admirada. “Foi uma surpresa ver que o Luís cá estava também” disse, emocionada. A visitante acrescentou que ficou um pouco chocada com a quantidade de artistas ligados à cidade que desapareceram nos últimos anos.
Representada muito jovem com um prato feito em verguinha, está Elsa Rebelo. Ela própria não se reconheceu de imediato, mas quando viu a peça, confirmou a sua presença.
A imagem foi captada na primeira exposição que fez no Posto de Turismo da Caldas, no início dos anos 90. “Foi uma boa surpresa, um reencontro com grandes amigos e com a grande sensibilidade de Valter Vinagre em retratar as pessoas”, disse a autora.
Isabel Gil não sabia que tinha uma fotografia na exposição. “Tive a sensação de me estar a ver ao espelho, mas recuando no tempo… e até me lembro da cor da camisola: era salmão”, referiu a retratada. “Foi giro ter chegado e dado de caras comigo.!”, disse esta professora que se sente “gratificada e orgulhosa por ser um elemento desta exposição”.
Luís Elias estava satisfeito com a presença da imagem do seu pai, Herculano Elias, na casa deste, junto a pinturas dos familiares Júlio e Joaquina Elias.  “É de louvar uma exposição como esta. É um exemplo para as Caldas e fico muito feliz por esta ter continuidade”, disse Luís Elias.

“Aprendi sobretudo a não desistir”

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“Esta primeiro exposição é um testemunho importante sobre o que se passou na cidade (e concelho) naquele período”, disse o director da Gazeta das Caldas, José Luís Almeida Silva acrescentando que Valter Vinagre selecionou imagens, a preto e branco, de factos e retratados que tiveram lugar entre 1985 e 2001. O responsável agradeceu à Câmara o apoio dado à iniciativa, à EHTO (pelo serviço de bar e de catering), à Encosta da Quinta (produtora do vinho Húmus), assim como a habitual colaboração do Museu do Ciclismo, que “tem uma das melhores salas de exposições da cidade”.
Para Valter Vinagre, este foi “um grande desafio e também uma dor mapear o arquivo”. Referiu-se ao facto de ter perdido uma parte das suas imagens, devido a uma inundação que aconteceu numa das suas casas. O autor voltou a sublinhar que a selecção das 91 fotografias esteve apenas sujeita a critérios estéticos.
O autor aceitou o desafio da Gazeta em concretizar uma segunda exposição onde irá retratar o que foi notícia naqueles anos em que trabalhou nas Caldas. “Foram 15 anos de tactear e de aprendizagem, onde fui ganhando algumas certezas. Aprendi sobretudo a nunca desistir”, afirmou.
O autor agradeceu à Gazeta e à autarquia pelo apoio à iniciativa e às possibilidades que lhe deram de prosseguir carreira. Mostrou-se grato ao Museu do Ciclismo, cujo seu responsável, Mário Lino, é também um dos retratados desta primeira exposição. A sua fotografia foi captada no Posto de Turismo, nos ex-Paços do Concelho, há 30 anos.
“O resto, que eu tenho para dizer, está pendurado nestas paredes”, afirmou remetendo para as fotografias. Vinagre agradeceu também à paginadora do semanário, Carina Querido e à equipa de montagem de exposições do Museu do Ciclismo.
A exposição do próximo ano vai contar com fotografias inéditas tiradas para notícias publicadas, sobretudo na década de 90, na Gazeta das Caldas. Desta poderão fazer parte acidentes ou conferências de imprensa. Estarão com certeza  “actividades que foram importantes para mim, para o jornal e para a cidade”, rematou.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, salientou o papel de agente cultural que a Gazeta das Caldas possui, além do seu trabalho informativo, ao qual dá continuidade há 92 anos.
A vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, considerou esta exposição como um momento importante que marca as Caldas por possibilitar recordar várias personalidades que deixaram a sua marca na região.  “Infelizmente parte das pessoas já não está entre nós mas ficou o seu trabalho e o seu contributo”, disse.
As fotografias da exposição encontram-se à venda e custam entre 120 e 600 euros.

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