Uma dúzia de fotografias, de grande dimensão, mostram a desmatação que tem decorrido nos últimos três anos no Bom Sucesso para a construção de empreendimentos turísticos, classificados pelos governos como Projectos de Interesse Nacional (PIN). A mostra é da autoria de João Mota da Costa, um cirurgião lisboeta que se apaixonou pela região Oeste, e que depois de ter retratado a realidade do local, prepara-se agora para escrever um livro sobre a Lagoa e as infra-estruturas que estão a ser construídos à sua volta.
A mostra, patente na sala de exposições temporárias do Centro de Artes, começa com uma imagem do trajecto para o Bom Sucesso (Óbidos), ainda rodeado de pinheiros e eucaliptos. As seguintes já têm outro cenário, com o início da desmatação para a construção do empreendimento Royal Óbidos.
“Ao longo do ano 2012 foi-se destruindo quase toda a floresta atlântica que havia até à Lagoa”, contou João Mota da Costa, destacando que o resultado final em pouco difere do inicial, pois apenas construíram um hotel, uma casa modelo, “que não é de ninguém” e um campo de golfe. “Assistimos à destruição de grande parte da mata atlântica única e exclusivamente para a construção de campos de golfe”, criticou o fotógrafo, que se emocionou ao falar da destruição ambiental que ali se tem verificado e “sem qualquer objectivo válido”.
João Mota da Costa fotografou também, já este ano, a destruição do coberto vegetal junto à faixa costeira para a construção de um outro empreendimento, o Falésia D’el Rei. Teme que também este fique apenas pelo campo de golfe, pois o país atravessa uma situação económica difícil e o projecto “está a ser desenvolvido por uma empresa que está insolvente, única e exclusivamente para manter um alvará de construção”, destacou.
A sua relação com a região tem apenas seis anos, mas diz que aprendeu a gostar dela. Cada uma das imagens conta uma história, mas revela que o seu conjunto conta uma história ainda maior , que é preciso “contrariar e evitar que aconteça noutros pontos do país”.
Médico cirurgião plástico, dedicado à área de cirurgia da mão, João Mota da Costa iniciou o seu percurso fotográfico como autodidacta em 1969 e desde 2011 que frequenta os cursos do Atelier de Lisboa em formações orientadas por fotógrafos contemporâneos. Entre 1984 e 1993 ganhou alguns prémios de fotografia, participou em várias exposições colectivas e viu trabalhos seus incluídos em diversas publicações.
O autor diz que vai continuar a fotografar e que o seu próximo passo será a criação de um livro sobre a Lagoa de Óbidos e as infra-estruturas que estão à sua volta e que estão a prejudicar “aquilo que é uma mais valia do nosso património”, revelou à Gazeta das Caldas.
O director do Centro de Artes, José Antunes, destacou a qualidade das imagens, mas também a marca autoral que tem presente. Lembrou ainda que o contacto para a realização da mostra foi promovido pelo também fotógrafo, Valter Vinagre.
Também presente na inauguração esteve o vereador Hugo Oliveira, que diz que aprendeu uma lição com João Mota da Costa pois este, através de imagens, mostrou-lhe o que“devíamos ver e por vezes não conseguimos”.
A exposição ficará patente no Centro de Artes até 7 de Janeiro de 2016.






























