Autora tem mostra patente até ao próximo dia 7 de Março

“Ink and Water” intitula a mostra retrospectiva de ilustração de Dulce Nunes, inaugurada a 8 de Fevereiro,na galeria do Posto de Turismo.e que pode ser apreciada durante o mês de Fevereiro

A artista, que é também professora de Artes Visuais na Escola Secundária Raul Proença, apresenta na galeria do Posto de Turismo uma mostra retrospectiva do seu trabalho de ilustração, iniciado em 1999. O primeiro livro que ilustrou foi “Abecedário”, onde cada letra tem um desenho diferente, relacionado com o território das Caldas. “Desenhei por exemplo, a partir de fotografia, imagens da montagem das barracas da praia da Foz do Arelho e de um caracol de Bordallo Pinheiro”, contou Dulce Nunes que na altura, sendo professora, se sentia um pouco como aquele último animal, ou seja, “com a casa às costas”.
Dulce Nunes já vive nas Caldas há vários anos e é também a ilustradora das obras da editora caldense Fora do Livro que estão presentes na exposição.
São, pois, da autoria de Dulce Nunes as ilustrações dos três livros da contadora de histórias Ana Luísa Faro: “Carcócegas” (sobre a importância de conhecer e compreender os vizinhos), “O menino e um cavalo” e “O meu coração palpitou, saltou e pulou”. Este último, lançado em Dezembro, na Loja do Sr. Jacinto, perante uma plateia repleta de crianças e pais e que conta a aventura de um menino que vai com a mãe para o canil viver as tarefas que se pedem a um voluntário. Metade do valor de venda do livro reverte a favor da CRAPAA (Caldas da Rainha Associação Protectora dos Animais Abandonados).

Desenho científico in loco

Presentes estão, também, vários trabalhos executados a tinta da china que a autora fez em parceria com alunos como é o caso de uma série, inspirada no livro do Desassossego de Fernando Pessoa, em que fez “um trabalho de criação de personagens”, explicou a artista-docente. Presente está, também, uma série de desenhos cientificos feitos por esta autora durante o trabalho de campo. “Este desenho foi feito comigo sentada na própria árvore”, contou Dulce Nunes explicando tratar-se de um dos mais antigos sobreiros que existe no país e que pode ser visto em Mértola.

Momentos para a posteridade

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Entre as muitas aguarelas expostas, está uma que a artista captou em plenas nascentes do rio Alviela. “Quis captar a grande alegria de Laura, uma criança com trissomia 21, ao entrar na água provocando pequenas ondas”, disse a autora, que não esqueceu aquele momento feliz. Assim como, ainda no mesmo local, quis guardar para a posteridade o momento em que um raio de luz bateu numa pedra em pleno rio, espalhando brilho por toda a água. Na sala principal da galeria estão presentes obras feitas com recurso à técnica japonesa Sumie, que requer a utilização de tinta da china e de água. As obras foram inspiradas em poemas do escritor asiático do início do século XVIII Tao Yuanming “que foi o primeiro autor que se dedicou a escever sobre o quotidiano”.Dulce Nunes já trabalha com tinta da china há 15 anos e diz que nesta obra criou os seus próprios ideogramas. “Apesar de parecerem trabalhos abstractos são de facto obras sobre o quotidiano”, disse a autora, que está a tentar editar um livro de artista com esta série de trabalhos designada “Os que tinham os mesmos sonhos que ele”.
Para Dulce Nunes há algumas estórias mais difíceis de ilustrar enquanto que outras, à medida que se vai lendo a história, aparecem “logo na mente as imagens” que pretende “fazer para as ilustrar”. Para a professora, ensinar também passa pelo contar das estórias e faz esse esforço para ir interessando os seus alunos nas matérias relacionadas com as Artes Visuais.

Com base nas estórias

A autora, que é também artista plástica, diz que para efectuar as suas obras parte “quase sempre de textos em busca por referências para a execução artistica”.Dulce Nunes deu a conhecer que fez um trabalho artístico sobre os Açores e leu “vários livros, portugueses e estrangeiros sobre ilhas”, notando “que havia visões coincidentes”.
Os primeiros locais onde Dulce Nunes desenhou foi em cima de pilhas de “Crónicas Femininas”, da mãe. “Creio que os primeiros desenhos que fiz já eram tentativas de começar a contar e a partilhar estórias”, disse a artista, nascida em Lisboa em 1960. Dulce Nunes começou por curso de Design Gráfico da Escola António Arroio, tendo posteriormente seguido para Escultura na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Posteriomente, prosseguiu no seu completou Mestrado de Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha.
“Ink and Water”, a mostra que é constituída por ilustrações de Dulce Nunes feitas desde 1999, vai estar patente na Galeria do Posto de Turismo até 7 de Março.

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